terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Busca II pt. XIV (O acordo)


Aleph sentado depois de Christian o soltar

       Aleph já estava rendido e amarrado em sua própria casa, ele seria a fonte para descobrirem onde John estava, agora era refém do quarteto. A dificuldade seria fazer com que ele falasse. Os homens estavam no quarto com Aleph e as mulheres na sala.

            - Ai, está doendo muito meu ombro, muito mesmo. Me ajudem, por favor! –gritava Aleph com bastante dor.

            - Só iremos soltar quando você disser onde John está. –falou William.

            - Nunca direi onde ele está. Nunca!

            Passaram o restante da noite tentando fazer com que Aleph falasse algo, mas ele não contava, de jeito nenhum. Ele era um cara durão que não tinha medo de nada, nem mesmo da morte. Christian e William foram até a sala.

            - O que vamos fazer? Não podemos deixar ele aqui por muito tempo, até porque isso que estamos fazendo é crime. –falou William.

            - Verdade! –concordou Amanda.

            - Mas o que vamos fazer? Ele não quer falar. –falou Christian.

         - Meu antigo parceiro, o agente Taylor, era muito bom em interrogatório. Mas eu nunca fui tão bom assim. –falou William.

            - Eu nunca fiz isso, não tenho a menor ideia de como o fazer. Vocês se virem! –concluiu Priscila.

            Enquanto isso no hospital, Mylena esperava sua irmã acordar para saber como ela iria reagir a sua nova condição. Ela passou o resto da noite toda acordada olhando para sua irmã e lembrando de como elas eram felizes antes dela partir e o quanto sua irmã fez falta quando foi embora. No inicio do dia ela sentou e por causa do cansaço acabou pegando no sono.

            Os minutos de soneca foram o suficiente para Mylena sonhar com sua família inteira, todos sorrindo e felizes. Um barulho a acordou, era a enfermeira.

            - Olá. Como ela está? –perguntou a enfermeira ainda na porta do quarto.

            - Continua na mesma. –respondeu Mylena sonolenta.

            - Eu vim aqui avisar que o café está sendo servido.

            - Ah, muito obrigada. Irei já.

            Mylena se levantou e deu um beijo na testa de sua irmã e foi até o refeitório tomar seu café da manhã. Ela não parava de pensar em sua família em nenhum momento. Sentou em uma mesa no canto e comeu, ao terminar voltou para o quarto onde permaneceu ao lado de sua irmã.

            O quarteto já estava desgastado de tanto interrogar Aleph, o dia ia passando lentamente e nenhuma pista saia da boca dele, William saiu do quarto, foi até a sala, só ficou Christian e Aleph. 

            - Você tem família cara? –perguntou Christian, mas sem resposta. – Talvez sim, talvez não. Mas a pouco descobri que eu era pai, pai de uma menina linda. Não tive a coragem de olhar em seus olhos, sabe por quê? –mais uma vez sem resposta. Aleph apenas olhou para ele. - Porque seu patrão matou a mãe dela friamente e aquela menina ficou sem mãe. Você tem amigos? Amigos de verdade. Pois bem, eu tinha um bom amigo, mas ele foi morto também. Vou te falar uma coisa, cara. -Christian falou bem próximo dele. Eu vou achar John, com ou sem sua ajuda, eu vou encontrar aquele canalha, mesmo que dure uma eternidade, não tenho pressa para isso! E quando eu o encontrar... –concluiu Christian dando as costas e indo até a porta.

            Christian chegou até a sala, estavam todos lá, Amanda sentada no sofá, Priscila no chão e William na janela, ele sentou ao lado de Amanda.

            - Conseguiu alguma coisa, Chris? –perguntou Amanda.

            - Não, nada! Não tem como, ele não fala nada.

            - Precisamos partir para a agressividade. –falou William.

            - Não tem como, William está certo. –concordou, Priscila.

            - Quero só mais uns minutos. –levantou Christian e foi até o quarto novamente.

            Chegando lá, Aleph estava se remexendo tentando se soltar.

            - Tá bem apertado. Mas se quiser tentar mais, fique a vontade, eu tenho o dia inteiro. –Christian falou. – Ou melhor não tenho! Meus amigos querem partir agora para violência, eu sou contra tudo isso, mas um contra três não é muita vantagem. Vou perguntar só mais uma vez, se não me responder irei sair por aquela porta e daí em diante será apenas sofrimento, não responderei mais. Onde John Cater está?

            Aleph permaneceu em silêncio, Christian ficou parado por uns minutos em sua frente. Ele não falou mais nada só deu as costas, quando ia abrir a porta, Aleph falou baixinho.

            - Sim, eu tenho. Eu tenho uma família.
            
            - Não entendi o que você falou. Fale mais alto.

            - Eu tenho uma família. 

            - Ah, e você não quer ver eles novamente? –questionou Christian.

            - Claro que sim, mas eles não me querem.

            - Você tem que tentar reconquistar cada um deles. Não pode deixar que seus erros afastem eles de você. O mal da vida é a solidão, cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição. 

           - Você tem razão, preciso disso. Vivi por tanto tempo sozinho.Mas não quero ir para cadeia, não posso voltar para lá.

            - Mas quem falou em cadeia? Eu posso te ajudar e você me ajuda também.

            - Como?

            - Você me conta onde John está e eu te solto.

            - Assim tão fácil?

           - Claro que não, meus companheiros não deixariam você sair, mas ali atrás tem uma janela, você “se soltaria”, me agredia e fugiria por ela.

            - Mas... –Aleph ficou pensativo.

        - Pense na proposta, pense rápido sua ferida está infeccionando e meus companheiros estão loucos para fazer você sofrer.

            Christian falou voltando para sala. Aleph usou aquele tempo para pensar um pouco e refletir no que Christian havia dito, mas ele sabia como John era, se nada desse certo ele iria atrás dele e o mataria. Mas essa chance seria única fugir sem ir para prisão. Ele havia tomado sua decisão.

            Lá no hospital Karoline não dava nenhum sinal e Mylena permanecia ao seu lado.

            - Ô minha irmã, como eu queria que você acordasse. –disse Mylena em pé ao lado da cama.

            Segundos depois que Mylena falou isso, Karoline mexeu as pálpebras, ela ficou alegre e chamou a enfermeira.

            - Enfermeira, enfermeira, enfermeira...

            - O que houve? –chegou as pressas a enfermeira preocupada.

            - Ela mexeu o olho, o que isso significa?

            - Nada, isso é normal. Sinto muito. –falou colocando a mão no ombro de Mylena.

            - Ah, obrigada. Desculpa pelo incômodo. Eu só queria que ela... –falou baixando a cabeça.

            A enfermeira saiu do quarto, já passava das três da tarde e então Mylena sentou novamente ao lado de sua irmã. Seu desejo era que Karoline abrisse os olhos e sorrisse para ela novamente. Já era começo de novembro o dia de ação de graças, o natal e o ano novo estavam próximos, ela só queria passar essas datas especiais com sua família.

            Quase que no mesmo tempo Christian voltou para o quarto.

            - Olá, você já tem sua decisão?

            - Sim.

            - E então?

         - Irei falar onde John está e em troca você me solta e eu saiu pela janela, como combinamos.

            - Claro, sou um homem de palavra.

            - Qual a garantia que terei.

            - Minha palavra.

            - Mas isso não é o suficiente.

            - Infelizmente, é apenas o que tem.  

            - Hum, tudo bem.

          Aleph começou a dizer onde encontrar John e seus capangas, falou todos os detalhes e mais ou menos quantas pessoas tinham lá dentro. Depois de quase dez minutos de conversa, Christian agora sabia onde encontrar John.

            - Já contei tudo que eu sei, agora me solte.

            - Ah sim, claro.

           Christian soltou Aleph, sem nenhuma resistência, ele deu um soco em Christian para a encenação e foi, com dificuldade, até a janela, seu ombro estava muito dolorido e já infeccionado. Aleph saltou pela janela. Christian não gritou, nem falou nada. Quando ele terminou de descer pela janela William estava lá esperando por ele.

            - Olá, vai sair sem despedir? –William falou com os braços cruzados.

            - Mas... –tentou falar alguma coisa Aleph, mas estava confuso.

            Christian foi até a porta da casa e ficou lá frente com Priscila e Amanda. Ele havia combinado tudo com William, não podiam deixar Aleph fugir. 

            - Nós fizemos um trato. –falou Aleph irritado.

            - E eu cumpri, deixei você fugir pela janela e você o fez. Parabéns! –Christian falou sarcástico.

            - Seu canalha! –disse Aleph sem ter mais o que fazer.

            - Pense pelo lado positivo, agora você pode recomeçar, a escolha é sua. –falou Christian.

            - Aleph, você está preso. Tem direito a um advogado e tudo que falar pode e será usado contra você no tribunal. –William falou.

            Quando William pegou os braços de Aleph para amarra-lo novamente, o tio dele estava achando estranho seu sobrinho não aparecer lá, então foi atrás dele, na hora que estava chegando, ele viu toda a cena, foi quando disparou três vezes contra todos lá. William logo se abaixou e Christian e as meninas fizeram o mesmo, Aleph por sua vez correu e fugiu.

            O quarteto correu para dentro de casa, o tio de Aleph disparou mais duas vezes, depois de alguns minutos perceberam que não havia mais disparo. Aleph tinha ido embora e ao encontro de John.

            - Droga ele fugiu. –falou William.

            - Se quisermos pegar John, vamos ter que agir hoje mesmo, Aleph irá, com certeza, atrás dele e contar tudo. –Christian falou com serenidade no olhar.

            Todos concordaram. Já era noite e Mylena ainda estava sentada ao lado de sua irmã, quando ela abriu os olhos. Ficou olhando de um lado para o outro sem saber onde estava e o que havia acontecido. Mylena nem havia percebido, quando sentiu algo e virou, ela viu sua irmã com os olhos abertos, deu um salto da cadeira.

            - Karoline, Karoline você acordou!

            Ela ficou olhando para Mylena ainda sem entender nada e um pouco assustada e não falou nada. Alguns minutos depois, ela perguntou com dificuldade.


            - Onde estou? Quem é Karoline? E Quem é você? 





Continua...

2 comentários:

  1. Perda de memória? É sério? Já basta ela ficar tetraplégica, não é um fim muito doloroso para ela? Apesar que se olhar por outro lado pode ser um recomeço mesmo que ela tenha feito várias maldades e vai "pagar o preço" encima de uma cama, mas, achei que o arrependimento não viria associado à uma perda de memória. Enfim, eu gostei até!
    Sem falar nos conflitos internos de cada personagem, principalmente esse de Aleph às vezes tenho a sensação que estou lendo um drama e não uma trama de ação (não me entenda mal não quero discutir teorias de gêneros, não) até porque não é relevante para a história em questão.
    Não estou conseguindo superar a perda de memória dela. Será que ela recupera? Estou curiosa para saber como será essa vingança. Será que eles pagarão na mesma moeda? Vamos esperar para ver, ou melhor ler!

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  2. Ela tem que recuperar logo essa memória e se arrepender, pois já vai ser muito complicado ficar tetraplégica mas sua irmã vão está por perto, adorei a jogada de mestre de
    Christian de fazer Aleph pensar que ia fugir, até eu acreditei kkkk voce está cada dia melhor, não entendo de teoria de gêneros kkkkkkk só sei dizer uma coisa cada dia gosto mais desta historia e sei que vou sentir falta quando tudo isso acabar. Parabéns meu escritor ♥♥

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