segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Busca II pt. I (Um adeus inesperado)



            Já era noite quando Christian e Amanda estavam fugindo mais uma vez da polícia, eram mais de dez viaturas em uma perseguição implacável. Os policiais disparavam tiros e mais tiros em direção aos dois e Amanda parecia preocupada. Ela sentia que Christian não conseguiria protegê-la, não dessa vez.

         O olhar dela estava tão triste que Christian não entendia o que estava acontecendo. Os policiais estavam mais perto e cada vez Christian se via sem saída, um tiro então acertou o pneu esquerdo traseiro, fazendo com que Christian perdesse o controle do carro e batesse muito forte em outro carro que estava parado.

           Christian ficou um tanto desnorteado com aquela batida, mesmo com o cinto ele bateu a cabeça na porta e ficou com uma ferida um pouco grande e que sangrava muito. Ele foi se recuperando aos poucos e lembrou-se de Amanda, ela não falava nada e então ele perguntou:

            - Amanda? Amanda? Você está bem? –Christian falou sem resposta por parte dela.

            Ele insistiu:

            - Amanda? Você se feriu? Você está bem? Precisamos sair daqui.

            Christian não teve resposta mais uma vez, então ele pegou no ombro de Amanda e a balançou uma, duas, três vezes e não teve resposta. Quando ele a virou viu uma barra de ferro fixa em seu coração e muito sangue em sua roupa. Naquele momento ele se desesperou e ficou balançando ela tentando reanimá-la, nesse meio tempo a policia já tinha cercado seu carro e um policial gritava para ele sair, ele logo reconheceu aquela voz, era a voz do seu amigo JC. Mas o que ele estaria fazendo com a polícia? Christian logo pensou.

            Já conformado com a morte de Amanda, ele saiu do carro com as mãos para cima e a cabeça baixa, um pouco machucado por causa da batida. Ele apontou para o carro e falou baixinho:

            - Ajudem ela, por favor! Ela está ferida. –Os policiais não deram atenção para aquilo que Christian falava.

            Ele então mais uma vez falou:

            - Ela está machucada. Ajudem ela, por favor! Por favor! Eu imploro. –E mais uma vez os policiais não deram importância ao que ele falava.

            Aos prantos ele gritou:

            - Ela vai morrer... –Nesse momento ele levantou a cabeça e olhou para frente, os faróis das viaturas atrapalhavam sua visão, mas tinha alguém em sua frente, era JC sorrindo para ele.

          - O que você está fazendo aqui? Como você se tornou um policial? –Ele estava confuso com tudo aquilo.

            JC não falava nada, apenas sorria debochando dele e estava com uma arma na mão. Ele caminhou lentamente em direção a Christian e foi até o carro, naquele momento ele pegou na mão de Amanda e a tirou do carro, ela veio caminhando com JC, Christian não entendia nada daquilo e não se movia, estava em estado de choque. JC e Amanda pararam em frente a Christian, ele disse:

            - Amanda você está bem?

            Amanda olhou bem no fundo dos olhos dele, pegou a arma de JC, inclinou a cabeça para o lado direito e sorriu ironicamente com um olhar demoníaco.

            - O que você está fazendo Amanda? –Christian perguntou assustado.

            Amanda então puxou o gatilho várias e várias vezes. Christian colocou a mão na frente do seu corpo e assustado gritou:

            - Não!!!

            Naquele momento ele acordou assustado com o pesadelo que acabara de ter. Já era manhã e ele ainda estava preso. O suor escorria pelo seu corpo, ele respirava fundo e mais uma vez se perguntava o porquê daquele sonho, já era a terceira vez na semana que ele tinha tido aquele pesadelo estranho.

            Já haviam se passado um ano desde a prisão de Christian e ele cada dia que se passava pensava em Amanda, e ainda mais com esses pesadelos estranhos que ele estava tendo. Ele não soube as razões de sua traição e não a viu desde aquela noite em que ficaram juntos.

            Christian se perguntava o que ela estaria fazendo, com quem ela estaria e por onde. Mas aquele turbilhão de pensamentos tinha espaço, também, para Joanna. Ele queria entender o porquê daquela mentira, não tinha como as coisas se encaixarem. Ele queria saber se ela estaria bem e se estaria feliz. Em um ano de prisão ele não recebeu visita de ninguém, ninguém mesmo.

            Enquanto aqueles meses iam passando, Amanda continuava fugindo da polícia e ainda sozinha, ela não confiava em mais ninguém. Joanna já tinha tido sua pequena filha, Sophia Miller, ela não colocou o sobrenome de Christian na menina, apenas o seu. Donald e Pedro ainda estavam presos, na mesma prisão que Christian, algumas raras vezes eles se viam, um tanto distantes, em algumas horas.
           
            O agente Ucker continuava a procura de Amanda e JC, agora com menos dedicação, pois existiam outros trabalhos a serem feitos. Depois da prisão de Christian o agente Ucker recebeu de seu chefe um novo parceiro, ou melhor, uma nova parceira, a agente do FBI Priscila Walker foi promovida de cargo e saiu do escritório para trabalhar nas ruas com o agente Ucker.

            Aquela semana estava tão normal na prisão, nada para ser feito. Então na sexta-feira o agente Ucker, depois de quase seis meses sem ver Christian, chega na cela dele. Christian fica surpreso.

            - Oh meu Deus, que ilustre visita. Queria poder convida-lo para entrar, mas não dá, a casa está uma bagunça. –Brincou Christian com aquela visita.

            O agente Ucker permaneceu sereno e falou:

            - Se eu fosse você não brincaria nessa hora, aconteceu algo que você não irá gostar.

            Christian continuou sorrindo e indagou com os braços abertos:

            - Querido agente, olhe para onde eu estou, veja como estou, o que poderia ser pior que isto? O que poderia ser pior que viver mais de um ano em uma sela, sem nenhuma visita e cada dia mais perceber que não é importante para ninguém?

            - Talvez você ache que não é importante para ninguém ou que ninguém liga para você, mas acredito que lá fora exista alguém que você ame e ame incondicionalmente.

            - Sim, existem tantas pessoas que eu amo lá fora, mas incondicionalmente só uma e esse alguém é meu avô. –Christian respondeu sorrindo.

             - É sobre ele mesmo que vim falar. –Nesse momento o agente baixou a cabeça e falou baixinho. – Eu sinto muito!

            Christian mudou seu semblante e ficou sério.

            - Como isso aconteceu? –Perguntou Christian.

            - Ele passou mal em casa e foi atendido essa noite, mas chegando no hospital já estava sem vida. Os médicos disseram que foi uma parada cardíaca.

            - Obrigado, agente. –Christian deu as costas e foi para cama.

            O agente Ucker se retirou e foi ao seu chefe pedir para ele mesmo levar Christian ao velório, seu chefe concordou. No dia seguinte, era o dia do velório, Christian estava com um blasé preto, camisa preta, calça e sapato também preto. O policial que acompanhou eles ao velório pediu para o agente Ucker pôr as algemas em Christian. O agente falou que não precisava.
           
           O caminho até o cemitério foi em silêncio, aquele dia estava nublado, bastante cinza. Chegando lá, Christian ficou duas horas parado em frente ao caixão olhando para seu avô, ali mesmo, em silêncio, ele nem viu o tempo passar. O reverendo que estava lá presente, tocou em seu ombro e disse que era hora.

            Naquela cerimônia estavam Christian, o agente Ucker e os poucos amigos de seu avô, lá atrás Joanna também estava com sua filha no colo. Christian estava muito triste para notar quem estava presente naquela cerimônia.

            Ele pegou o microfone e começou:

            - Eu poderia fazer muitas coisas bonitas e poderia derramar muitas lágrimas nesse dia, mas eu escolhi só ler um texto que fiz em sua homenagem, homenagem mais que merecida para uma pessoa tão especial...

‘Onde você está? Procuro em todos os lugares, mas não te vejo. Se foi sem ao menos falar. Eu esperei tanto tempo para poder dizer o quanto você é especial pra mim, porém já é um pouco tarde. Não vou deixar o tempo apagar o que ficou aqui dentro de mim e se penso eu sei que choro só queria voltar, é o meu coração que não se esqueceu de te amar. A saudade vai doer quando eu pensar em você. Vai em paz! Eu nunca vou te esquecer, é tão difícil te deixar ir assim, mas vou aceitar você teve que partir.’

           Um silêncio se fez presente naquele lugar, o caixão foi fechado e desceu aos poucos naquele buraco, Christian jogou uma rosa. Antes que aquele velório acabasse a agente Walker chegou as pressas no local e chamou o agente Ucker no canto, eles cochicharam por alguns minutos e ela foi embora. No fim daquele velório Joanna e a pequena Sophia já haviam ido embora.

          Christian, o agente Ucker e o policial voltaram para prisão, desta vez o agente entrou na cela e sentou na cama.

            - Pode ficar tranquilo agente, estou bem. –Falou Christian.

            - Não estou preocupado com você, mas preciso te falar uma coisa. –Respondeu o agente. – Antes de mandarmos o corpo do seu avô para o velório, nossos médicos fizeram uns exames e antes de sairmos do velório a minha parceira trouxe o resultado. Foi confirmado o que eu já suspeitava, seu avô foi assassinado, foi colocada uma dosagem exagerada de um medicamento no jantar dele. Isso fez com que seu coração parasse e ele morresse.

            - Quem fez isso? –Christian irritado falou.

            - Não sabemos, mas será nosso primeiro caso, descobrir o assassino de seu avô.

          Christian agradeceu pelo o que o agente fez e se despediu dele. O agente perguntou se ele iria ficar bem, ele respondeu dizendo que sim. Quando o agente foi embora, Christian decidiu que não iria esperar pelo FBI, ele iria planejar sua fuga daquela prisão.

            Enquanto isso JC e Karoline estavam conversando.

            - Onde você estava esses dias John?  –Perguntou Karoline assustada.

            - Eu estava resolvendo umas coisas, minhas coisas. –Respondeu John.

            - Você não fez o que eu estou pensando, fez? –Perguntou Karoline.

            - Comecei minha vingança, tirarei tudo que ele mais ama, comecei por seu avô. –John sorriu com uma cara de satisfeito.

            Christian começou a planejar naquele dia mesmo sua fuga. John Cater matou o avô de Christian para começar a vingança que ele planejava há tantos anos. Ele e Karoline já haviam acabado seu plano, era hora de por em prática e ganhar dinheiro, muito dinheiro.





Continua... 

2 comentários:

  1. Primeiramente, gostaria de parabenizar por uma "abertura" de história em grande estilo bem emocionante quanto a primeira parte isso é fato.
    Confesso que esse sonho foi bem real para é bom que chama atenção do leitor para si. Tens uma qualidade que acredito ser de todo bom escritor que é o dom de prender a gente, envolver de maneira clara e objetiva com reviravoltas que ninguém, ninguém mesmo pode imaginar.
    Acredito que já comentei também sobre sua marca de citar outros textos seus para enriquecer a história é um ótimo recurso é mais que mera intertextualidade ou auto citação, acredito que deveria ter um nome próprio tal ação, mas, voltando à história...
    Matar alguém tão importante fazer parte da vingança? Ele já estava preso foi cruel demais da parte de JC, o avô dele não tinha culpa de nada, fiquei bem triste. De uma coisa eu tenho certeza não dá para se apegar aos personagens dessa história porque quando menos se espera eles se vão por algum motivo. Confesso também que fico muito abalada com essas mortes repentinas, kkk!
    Aguardado ansiosamente pela fuga de Christian.

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  2. Ufá que volta super emocionante, concordo com tudo que Rossana falou principalmente que vc consegue prender a atenção do leitor e desperta uma curiosidade sem limite parabéns vc é especial .

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