Amanhã é
outro dia, não é?
(Tomorrow
is another day, right? / Mañana será otro día, ¿verdad?)
Por
Carlos F. Jr.
Era uma vez...
Ah, isso é tão clichê. Mas, às vezes o clichê esconde uma beleza
infinita e segredos ainda não desvendados. Mas, vamos lá, tudo começou lá em
1993 quando o casal Maria de la Rosa e Paolo Chávez planejaram seu primeiro
filho, já estavam casados há mais de 15 anos e estavam loucos para terem um
bebê. Tentaram uma, duas, três vezes, todas sem sucesso, na quarta vez,
finalmente conseguiram.
Aquele casal era tão unido e tão feliz, depois de 7 meses e meio nasceu
sua primeira filhinha, a linda e querida, Carmela de la Rosa Chávez. Maria e
Paolo gostavam muito de flores, por isso o nome da linda flor Carmelo; mesmo
nascendo 1 mês e meio antes do esperado, Carmela teve saúde em sua vida e
cresceu dia a dia sem problema algum.
Quinze anos se passaram desde o nascimento daquela menina e nesse longo
tempo muitas coisas mudaram na vida da pequena Carmela, seus pais acabaram se
separando no meio de tantas adversidades, ela acabou ficando em sua casa junto
a sua mãe, Maria; mas Paolo sempre que podia ia visitar as duas, para ajudar em
alguma coisa e saber se elas estavam bem, ele sempre foi um ótimo marido e um
pai sem igual. As causas da separação deles não se sabem ao certo, talvez,
simplesmente tenha chegado o tempo deles.
Carmela com seus quinze anos estava entrando no seu 1° ano do ensino
médio, colégio novo, pessoas novas, amigos novos, ela nunca tinha namorado
alguém, nem tão pouco beijado alguém, ela não tinha nenhuma pressa para tais
ações. Nessa nova escola sua melhor amiga, Sol Colucci, tinha conseguido
ingressar também e, mais incrível ainda, na mesma sala dela.
Aquele colégio interno, chamado Colégio de Elite, era a sensação da
cidade de Tijuana, um colégio maravilhoso e barato, dando a Maria e Paolo
condições de pagarem as mensalidades. As meninas estavam entusiasmadas para sua
nova vida nesse colégio novo.
Logo no primeiro dia de aula todos estavam sentados em suas cadeiras e
enquanto o professor se pronunciava explicando o regimento daquele colégio
chega um rapaz jovem e um tanto bonito naquela sala, pede licença ao professor
e se desculpa pelo atraso, o professor balança a cabeça positivamente e pede
para o rapaz se apresentar, então ele diz:
- Bom dia! Meu nome é Juan Mendes, sou daqui de Tijuana, tenho 17
anos, tive que parar os estudos por dois anos por problemas pessoais e é
isso...
Toda sala riu e aquele jovem se sentou. Carmela ficou encantada
com ele e comentou com Sol:
- Uau amiga, que lindo. Eu pegava fácil, fácil.
Elas riram sem parar. Mas no fundo, bem no fundo, Carmela sentiu algo
diferente, algo que nunca havia sentido antes.
As aulas iam passando
dia a dia, Carmela e Juan só se encontravam durante as aulas, em outros
momentos nunca tinham tal oportunidade, porque ele sumia e ela não conseguia
encontra-lo. Na terceira semana de aula Sol estava indo ao dormitório, quando
viu Juan passar com uma menina linda, loira, olhos caramelos, magrinha, é
claro, que ela ficou surpresa e deduziu que aquela era a namorada do rapaz. Ela
correu rapidamente até Carmela e contou a ela. Carmela ficou surpresa e
desapontada ao mesmo tempo.
No dia seguinte na aula, Juan precisou de uma
ajuda em uma matéria que já sentira dificuldade e perguntou a Sol se ela sabia
daquele assunto, Sol mesmo sabendo, disse que não, e que quem sabia era sua
amiga. Ele então pediu ajuda a Carmela, o primeiro "oi" ninguém nunca
esquece. Ela ficou sem jeito e disse que iria ajuda-lo sem problema.
A partir dali começava uma boa e grande
amizade entre eles, Juan, Carmela e Sol. Os dias iam se passando naquela sala e
a turma ficando mais unida e se conhecendo mais e mais, assim como, os três se
conheciam bem mais a cada dia, Juan então apresentou sua namorada as suas novas
amigas, e mesmo tendo uma queda por ele Carmela respeitava seu namoro.
Juan
sempre foi um cara fiel e sempre que namorava não tinha olhos para outras
meninas. Em uma de suas conversas com as meninas, Juan contou a história de
quando começou a namorar, Vicky Real. Ela era irmã de uma amiga dele, eles se
conheceram por acaso e começaram a conversar, a conversa deu certo e estão
juntos até hoje, já fazem 2 anos e pretendem ficar juntos por muito tempo.
Mesmo tendo consciência desse sentimento tão
forte que havia entre eles, Carmela se envolvia cada vez mais com Juan, e com
isso, o apreço que sentia aumentava mais e mais, e Juan as tinha como amigas,
ele não notava esse sentimento de Carmela por ele.
Aquele primeiro ano passou muito rápido, todos da turma
passaram de ano e chegaram às merecidas férias. Carmela pensava em como iria
passar um mês inteiro sem ver Juan.
Juan foi passar suas férias junto a Vicky e sua família na
belíssima cidade de Acapulco. Sol decidiu que iria passar as férias em casa
descansando e iria aproveitar o tempo para ver seus amigos que não via a um bom
tempo. Já Carmela passou as férias em sua casa pensando em Juan e o
quanto seria chato passar tanto tempo sem poder vê-lo.
Mesmo sem notar, Carmela se tornava cada dia mais
dependente de Juan e desse sentimento que crescia cada dia mais.
Estavam
naquela sala de aula Juan e Carmela, os dois estavam frente a frente e
sozinhos; de repente um beijo aconteceu. Carmela estava realizando o sonho de
sua vida, era algo sem explicação, (aquele beijo seria inesquecível).
Minutos
depois daquele longo beijo, Carmela ouviu um som bem ao longe que aos poucos
foi aumentando, mas era apenas seu despertador e tudo aquilo era só um sonho,
ela acordou sem acreditar no que tinha acabado de sonhar e com uma felicidade
enorme pulsando dentro de si, então ela morde os lábios para tentar sentir o
gosto dele na sua boca e solta da cama sorrindo.
Quase
que como em um passe de mágica as férias acabaram e era dia de voltar às aulas
e para Carmela, dia de voltar a ver Juan. Carmela por mais que gostasse
bastante dele não tinha pretensão de contar a ele o que sentia, ela entendia
que era melhor sua a amizade do que nada.
- Olá
Carmela! -disse Juan- indo na sua direção para lhe dar um forte abraço.
Naquele
momento Sol estava chegando também e os três foram colocar os papos em dia e
saber como aquelas férias foram tão boas e proveitosas.
Aquela
turma do 1° ano era a mesma deste 2° ano, uma turma boa e bem entrosada, todos
já estavam com expectativas para o futuro, planos e sonhos.
Carmela
era uma das primeiras da escola inteira, ela se dedicava bastante dia a dia
para ter um futuro bem promissor, aquele segundo ano foi bem longo para a
turma, cada dia mais a escola cobrava mais e mais deles, pois queriam formar
excelentes pessoas e profissionais.
Já era
sexta-feira dia de ir para casa ver os pais, Carmela comentava com Sol dizendo
o quanto gostava de Juan e que tudo só aumentava cada dia mais. Entretanto,
todos os dias Sol sempre via Juan e Vicky juntos percebendo que o quanto eles
se gostavam muito e que ele parecia ser uma pessoa boa e bem fiel ao que estava
vivendo.
Então,
ela como amiga resolveu abrir os olhos de Carmela dizendo:
- Amiga,
eu sei o quanto você gosta dele! Mas, você não pode se prender a isto! Ele é
comprometido, demonstra que a ama tanto e que pretende ter filhos e casar com
ela! Você é muito jovem tem a vida toda pela frente! Para de se prender a isso!
Carmela
se irritou com o que Sol havia dito e pediu para ela não se meter na vida dela,
pois ela sabia de tudo isso, mas que não iria deixar para lá! (as duas acabaram
discutindo feio).
No
fim da discussão Carmela falou:
- O amor
é paciente e eu vou esperar o tempo que preciso for! Um dia ele vai ser meu!
Deu
as costas a Sol e se retirou bastante irritada.
Ao chegar
em casa, ela entrou batendo as portas e se trancou no quarto para pensar e
chorar um pouco; pois final das contas o que Sol havia lhe dito a deixou muito
abalada.
A mãe
dela, Maria, não entendia o que estava acontecendo, mas respeitava e a deixou
em paz com os seus pensamentos.
Mais
tarde, Carmela se acalmou e foi para sala conversar com sua mãe, ela resolveu
contar tudo, Maria sorriu, e falou para ela seguir o seu coração e não ter
pressa, pois tudo acontece no tempo certo, se há de acontecer.
O fim de
semana passou rapidinho, na segunda mesmo, Sol foi se desculpar com sua amiga
por ter sido um tanto que insensível. Nada de mágoas ou raiva, Carmela era uma
pessoa que guardava um carinho enorme independente do que ela tinha dito.
Algo
dizia a Carmela para ela se declarar a Juan, mas ela decidiu não ouvir; é claro
que ele havia notado algo diferente nela, seu modo de falar com ele, seus
olhares, o jeito que ela ficava, eram coisas que fazia com que ele suspeitasse
de algo, mas é óbvio, nada com certeza.
Fim
daquele ano de 2009, consequentemente término do 2° ano e mais uma vez as
férias chegaram. Na hora da despedida, Carmela deu um abraço tão forte em
Juan que parecia que era um abraço de despedia, ela cogitou em falar algo, mas
desistiu. E de lá foram embora.
Mal sabia
ela que o destino iria pregar uma peça nela...
Fim das
férias e volta às aulas. Era o último ano do colegial, felicidade grande
tomando conta de todos. Todos estavam chegando para o reencontro do primeiro
dia letivo e nada de Juan, como sempre, a turma era a mesma daquele primeiro
ano.
- Sol
você viu o Juan?- Carmela perguntou meio apreensiva.
Sol
respondeu dizendo que não, a aula então começou e Carmela nem prestou tanta
atenção no que o professor falava, só pensa onde estaria Juan. E aquele
primeiro dia de aula se encerra e Juan não havia dado às caras. Ela e Sol
resolveram ir perguntar ao gestor o que tinha acontecido; ele falou a elas que
Juan havia ligado para lá duas semanas antes das aulas recomeçarem e avisou que
não iria mais a escola, pois seus pais iriam se mudar e ele teria que ir junto.
Não poderia mais continuar, foi um telefonema muito rápido. Agradeceu pelo
ensino e simplesmente desligou.
Ele nem
havia se despedido (elas pensaram), Carmela não conseguiu conter as lágrimas e
a tristeza que se instalou dentro de si; foi sem sombra de dúvidas o ano mais
longo da vida dela. Contudo, finalmente acabou!
Mesmo
caindo o seu rendimento, Carmela acabou como umas das primeiras da escola e Sol
também formou-se com êxito; chagando assim a hora tão esperada de ir para
faculdade.
Juan,
seus pais e Vicky foram morar no Brasil naquele ano de 2010, o pai de Juan
recebeu uma proposta grandiosa de trabalho e não podia recusar; Juan e Vicky se
formaram naquele ano também, porém na cidade de São Paulo.
Estava em
seus planos fazer faculdade, mas ainda no 3° ano, Juan recebeu uma proposta
para fazer umas fotos em uma propaganda de perfume, logo depois fez uns
desfiles, se tornando um grande modelo. Como o colégio não era interno, Juan
trabalhou, estudou e se deu bem nas duas áreas. Ganhou naquele ano muito
dinheiro e foi morar com Vicky.
Pelo fato
do colégio que eles estudavam em Tijuana ser interno, os alunos não podiam ter
redes sociais, era dedicação exclusiva aos estudos. Por isso, Juan não tinha
como ter contado a suas amigas, Sol e Carmela, que iria viajar.
No ano de
2010, Juan teve que ir embora, seis anos se passaram, já era 2016, e cada um
foi vivendo sua vida e construindo seus planos e sonhos aos poucos. Juan
virou um modelo bastante conhecido, Sol uma publicitária, Carmela professora de
línguas e Vicky fez faculdade de direito, mas não concluiu.
Passaram-se
seis anos e nesse tempo tanta coisa aconteceu, dentre elas, Vicky fez amizade
com um cara da faculdade que tinha uma vida um pouco louca e acabou provando
umas drogas pesadas, mas, felizmente não ficou viciada.
Esse
amigo dela da faculdade cujo nome era César, era um cara sem caráter e traía
sua esposa sempre, além disso, ele sempre pedia para ficar com ela, até porque
ela era linda. Vicky sempre se recusava.
Mas,
aos poucos, ela começou a ficar muito paranoica e bastante ciumenta,
desconfiava de tudo que Juan fazia, assim, a relação deles acabou se
desgastando e o namoro se desfez no começo de 2015.
Juan
deixou Vicky com a casa que eles construíram e foi embora, mas, para surpresa
dele, depois de quase um ano sem vê-la, ela aparece na sua casa com uma menina
no colo e diz que é sua filha e que não tem condições de criá-la. Juan fica sem
esboçar nenhuma reação.
- Como
pode ser minha? (Ele indagou)
- Juan,
ela lembra você é só olhar direito para ela! Ela está com um mês de vida sai do
hospital vai fazer uma semana. (Vicky responde)
- Qual o
nome dela? (Juan perguntou)
- Eu não
coloquei seu nome ainda. Eu não podia ter uma criança agora, sou nova, tenho
muito para viver ainda. Desculpa, mas tentei abortar duas vezes. (Confessou
Vicky)
Juan
ficou pasmo com tudo isso, discutiu com ela e falou que iria tomar conta de sua
filha com muito amor; Vicky chorou, abaixou a cabeça e foi embora. Ele se
encantou com aquela menina, ela era linda, a cara de Vicky, loira, olhos
caramelos.
Ainda
nesses seis anos, os pais de Juan voltaram ao México, mas Juan escolheu ficar
no Brasil. Naquele momento com sua pequena filha, ele sentiu que era a hora de
voltar ao México, a sua cidade natal, Tijuana.
Carmela
terminou a faculdade, claro, e nesse tempo todo ela teve muitos paqueras e
rapazes a pedindo em namoro, mas ela não aceitava, porque resolveu esperar
paciente como sempre foi.
Já eram
seis anos sem ver seu grande amor; Sol e ela se viam todos os dias, uma amizade
que só fazia aumentar sempre; Carmela já estava com 23 anos, Juan com 25 anos e
já era pai, Sol também com 23. E depois de tanto tempo o destino iria juntar
aquele trio novamente, mas agora, com muita coisa diferente, afinal, seis anos se
passaram.
Enfim,
Juan volta à sua cidade natal, Tijuana. Seus pais ao verem aquela criança
ficaram sem reação, mas aceitaram e resolveram ajudar seu filho e sua linda
neta, Isis Mendes. Ainda naquele primeiro dia Juan resolveu passear pela
cidade, ver como tudo estava depois de tantos anos, logo mais à frente, como se
o destino cooperasse para esse grande reencontro, Juan passa e depara-se com
Carmela, ela olha bem para ele e com palavras trêmulas fala:
- J... J... JUAN?! (Uma lágrima rolou, mas agora
era de felicidade)
Ele abre
aquele sorriso gigante e da um abraço tão forte em Carmela, logo em seguida ela
bate nele e briga por ele ter ido embora e não ter avisado e ainda não ter
voltado com os pais quando eles regressaram ao México.
Ele se
defende dizendo que não teve como e que até tentou avisar. Então, eles acabaram
passando o resto do dia sentados naquela calçada da rua conversando, Juan
acabou contando tudo que havia acontecido em sua vida, ela parou na frase “e
acabamos nos separando”.
Para ela
era a hora de tentar algo, ela sorriu, disse a ele que estava bastante feliz em
vê-lo e, assim, ele pediu para ir à sua casa conhecer a sua filha, combinaram
de ir se encontrar lá e ela disse que iria levar Sol também. Foi uma noite
longa, depois de tanto tempo aquele trio estava unido novamente.
Os dias
iam passando, Carmela se aproximava mais de Juan e sua filha, as coisas iam se
encaixando aos poucos, Carmela ainda não tinha pressa para nada, aquele jeito
de menina e ao mesmo tempo mulher ia chamando a atenção de Juan, aquela
dedicação em cuidar da pequena Isis era algo sensacional, e ele percebia isso.
Em
um fim de semana, um convite inesperado, Juan chama Carmela para ir ao cinema,
o filme era tão bacana, mas a sensação de que faltava algo o deixava inquieto,
ele olhou bem nos olhos dela e sorriu. Ela toda sem graça, baixou a cabeça, ele
pegou no queixo dela levantou e um beijo aconteceu, ali mesmo dentro daquele
cinema, foi o primeiro beijo de Carmela.
Foi,
talvez, uma das maiores realizações da vida dela, ela o esperou tanto, esperou
tanto esse dia, e ele finalmente chegou.
Entre
eles as coisas aconteceram naturalmente, bem lento, bem vivido, como deveria
ser. O namoro começou do jeito que Carmela imaginava, passaram-se os anos, 4
anos de namoro e de construção pessoal. Para Juan, era difícil controlar suas
vontades, mas ele respeitava Carmela, ela queria se guardar até o casamento e
assim seria feito. Ele queria mais do que ela podia oferecer naquele namoro, e
então, quando ela menos esperava o pedido chegou:
-
Carmela, casa comigo?!
Ela
lembrou-se do que sua mãe disse 'tudo tem seu tempo para acontecer, se há de
acontecer'. O sim veio com exatidão e sem nem pestanejar. O grande dia ia
chegar.
Sem eles
nem imaginarem, Vicky volta à cidade, Juan se sente balançado com aquela
aparição repentina, ela queria ver a sua filha e tentar mais uma chance com
Juan, ele sempre foi decidido nas suas escolhas e já estava certo do seu
sentimento por Carmela.
Mesmo
assim, Carmela se sentiu ameaçada, e algumas brigas aconteceram por conta desta
volta, para provar à Carmela do seu amor, Juan antecipou o casamento. Casaram
quatro meses antes do esperando.
Era o dia
mais lindo, a daminha Isis, Sol estava de madrinha, a noiva entrando com seu
pai, Paolo, foi um dia lindo e inesquecível.
Aquela
menina agora era Carmela de la Rosa Mendes. A noite chegou, ela estava se
sentindo tão bem e a noite foi uma maravilha! Agora, aquela menininha era uma
mulher.
Depois de
muitas brigas, Vicky desistiu de voltar com Juan e deixou a guarda de Isis para
ele e regressou para São Paulo onde foi continuar sua vida. Isis já estava
grande e sempre foi criada com muito amor por Carmela e Juan, ela chamava
Carmela de mamãe, sempre foi assim.
Dois anos
depois de casados, era a hora de ter seu primeiro filho, Rafael de la Rosa
Mendes nasceu depois de 9 meses de gravidez. Os dias iam passando e aquele
casal se unia e ficava mais apaixonado a cada dia, é claro que, enfrentavam as
barreiras da vida, incluindo a morte repentina do pai de Juan, Miguel Mendes.
Essa vida
é muita inesperada mesmo, quase que simultaneamente à morte de Miguel, Carmela
descobriu que estava grávida novamente, ela falou que se fosse um menino seria
Miguel em homenagem ao pai de Juan. Mas, como a vida é quem dita as regras,
nasceu a linda Aurora de la Rosa Mendes.
Rafael
já estava com seus 4 anos, Isis com 10 anos e Aurora estava nascendo. Eram os
filhos daquele casal, Juan já estava com seus 40 anos muito bem vividos e
Carmela estava com 38 anos no momento do nascimento
de sua filha Aurora.
Aquelas crianças cresciam
rapidamente, quando menos se espera já eram homens e mulheres realizados. Nesse
meio tempo os pais de Juan e Carmela já haviam morrido. Paolo falecera em um
acidente de carro; Maria de velhice; Gabriela, mãe de Juan, de pneumonia.
Sol havia casado também, mas por ser infértil não teve filho e não quis adotar.
Ela sempre esteve com seus amigos e compadres.
Rafael foi o primeiro a casar. Casou-se com a linda Celina, no mesmo ano teve
seu primeiro filho, Pedro de la Rosa Mendes. Aurora casou logo em seguida aos
18 anos com Giovanni. Sabendo um pouco da história de vida de seus pais, Rafael
e Aurora decidiram se manter com o nome da família ‘de la Rosa Mendes’,
escolheram não modificar o seus nomes ao casarem e colocaram o nome de seus
filhos com o sobrenome de sua mãe.
Aos 28 anos, Isis decidiu ir embora, ela queria ter uma experiência com Vicky,
para poder conhecer sua mãe um pouco, nem que fosse uma passagem rápida, Juan
concordou com sua decisão, então, ela decide se mudar para o Brasil. Lá, ela
conheceu Pablo e acabou namorando com ele.
Isis no Brasil era uma empresária renomada; Rafael e Aurora levaram os negócios
do pai para frente (Juan como tinha experiência na área, abriu uma agência de
modelo com o nome Macaparana Style, Macaparana era a cidade natal de José, um
amigo que ele conheceu na passagem pelo Brasil, infelizmente, José morreu em um
acidente, ainda quando Juan estava no Brasil e para homenagear o amigo, colou o
nome de sua cidade natal). Era umas das agências de modelo mais respeitada de
Tijuana.
Anos
iam se passado e os filhos daquele casal, Juan e Carmela, iam ficando mais
velhos e responsáveis e seus netos iam chegando um a um. Depois de dois anos de
Pedro, Rafael e Celina tiveram Diego, no mesmo ano Aurora teve seu primeiro
filho e o nomeou de Miguel, em homenagem a seu avô, que falecera no mesmo ano
de seu nascimento.
Rafael e Celina tiveram seu terceiro filho um ano depois, como Rafael era muito
apegado ao seu pai, deu o nome de sua filha, Gabriela, em homenagem a sua avó.
Lá no Brasil, Isis já estava morando com Pablo e cuidando de Vicky, quando
descobriu sua gravidez, nascera então, Luna Mendes. Sete anos depois de seu
primeiro filho Aurora teve mais um filho sua pequena, Luziane.
Então, a família de la Rosa Mendes se formou. Juan e Carmela tiveram Rafael e
Aurora. Rafael casou com Celina e tiveram Pedro, Diego e Gabriela. Aurora casou
com Giovanni e tiveram Miguel e Luziane. Isis com Pablo teve Luna.
Isis levou Luna e Pablo para conhecer Juan e Carmela, que ainda não os conheciam,
aquele pai e filha se apaixonaram pelo casal e pela cidade. Passaram dois meses
conhecendo a família e voltaram para o Brasil, mas como amaram a cidade,
decidiram comprar uma casa naquela cidade para sempre regressarem.
Aos 10 anos, Luziane foi morar com seus avós, pois, ela gostava muito deles e
queria ajudá-los nos afazeres de casa e consequentemente viver mais com eles.
Dois anos se foram, já era 2063, e Luziane ainda
morava com seus avós, um amor sem medida aquela menininha sentia por eles. As
festas de final de ano sempre eram comemoradas na linda casa de Juan e Carmela.
Isso já era uma cultura para aquela família, todos iam para lá passar os dias
de natal e réveillon, até Isis, Luna e Pablo viam do Brasil para isso, era uma
festa muito animada.
Já tinha passado o natal e era dia 31 de dezembro daquele mesmo ano. Todos
estavam se preparando para o réveillon, às 20h30min Juan passou mal. Foi uma
correria para leva-lo ao hospital, ele sentiu uma dor muito forte no peito.
Rafael correu e pegou o carro que estava na garagem, Aurora ainda não havia
chegado, pois estava com Isis e Luna dando uma volta na cidade. Pablo estava
dormindo na sua casa de Tijuana, Celina estava em sua casa se arrumando para a
festa e Giovanni ainda não havia saído do trabalho. Mas seus netos e Rafaela já
estavam lá. Miguel e Gabriela não deixaram Carmela ir junto, não sabiam o que
podia acontecer lá, então ficaram em casa com ela. Foram para o hospital
Rafael, Diego, Pedro e Luziane. Demoraram aproximadamente 20 minutos para
chegar lá.
- SOCORRO! SOCORRO! Alguém ajuda! (Luziane entrou gritando naquele hospital,
com Juan sendo carregado pelos rapazes).
Um médico saiu as pressas para ajudar, levaram Juan para dentro, em uma sala
que não podiam entrar, então, eles ficaram no aguardo. Depois de alguns minutos
o médico voltou, disse que Juan tinha tido um infarto agudo do miocárdio,
Luziane falou que não havia entendido, então seu tio explicou:
- Ele teve uma parada cardíaca, Luzi.
O médico balançou a cabeça positivamente e continuou falando que conseguiu
reanima-lo e que ele estava sob observação. Rafael então ligou para sua mãe e
contou o que havia acontecido e que tudo estava bem, logo estariam em casa.
Já passavam das 23h, quando Juan teve outra parada cardíaca, novamente foi uma
correria de médicos e enfermeiras. Mas desta vez ele não resistiu, sua idade
era muito avançada. Então Juan morreu aos 78 anos...
Um silêncio se fez presente naquele hospital por alguns minutos!
Até hoje, quando lembro, minhas lágrimas rolam. Era fim de ano, alegria, festa,
ninguém deveria morrer neste dia. Aquele 1 de Janeiro de 2064 foi bastante
cinza.
Recordo que naquele dia 31 fomos fazer nossa última refeição do ano, era a hora
do jantar, como de costume, fizemos nossa oração e o orador foi ele. Ainda me
lembro de suas palavras:
- Senhor, dai-nos força para evitar os maus pensamentos, os maus sentimentos e
as más atitudes. Dai-nos coragem para ser e melhorar o que somos. Dai-nos luz e
sabedoria. Amém!
Ele permaneceu de cabeça baixa e olhos fechados por um instante e falou
baixinho:
- Prometamos nos despedir sem dizer adeus jamais.
Era como se fosse uma despedida, e foi...
Talvez
vocês estejam se perguntando como sei tanto sobre a vida de Carmela e Juan, não
vivi junto toda a história de vida deles, mas alguns anos sim. Entretanto,
Carmela tem um diário e o encontrei esses dias.
Luziane
de la Rosa Mendes escreveu um livro com o diário de sua avó, chamado de
“Família de la Rosa Mendes”. O livro foi um sucesso e foi traduzido em mais de
quinze línguas. Dois dias depois da publicação do livro, aos 87 anos, Carmela
descansou eternamente, parecia que ela só estava esperando isso. Para quem a
conheceu, via o quanto Carmela era dedica naquilo que fazia, ela deixou um
testamento, onde repartia por igual todos os seus bens para todos os três
filhos e netos. Mas a casa dela seria exclusivamente de Luziane por toda sua
dedicação.
Sol,
passou os últimos dias ao lado da sua amiga, mesmo sem Carmela lembrar dela.
Depois da morte de sua amiga, Sol permaneceu o resto de seus dias, em mais
parte, na sua casa, ela morreu aos 90 anos de causas naturais.
Juan e
Carmela cumpriram com o prometido 'até que a morte os separe'. Provaram
que o amor mesmo sendo tão lindo e tão verdadeiro não dura para sempre. Hoje,
talvez, estajam juntos novamente vivendo o amor infinito, e claro, com Sol
junto a eles. Alguns anos mais a frente, Luziane se casou e teve um casal de
gêmeos, Carmela de la Rosa Mendes e Juan de la Rosa Mendes foram os nomes
escolhidos por ela para aquelas crianças. Uma homenagem mais que merecida a
esse casal fantástico.
Assim
nasceu a família, de la Rosa Mendes!
Um ano depois da publicação do
livro, Luziane publicou uma nota a cerca da historia de seus avós que ela havia
escrito.
Hoje
sinto tanta falta da vovó e do vovô, eu mal vejo a tia Sol agora. Ela não sai
mais de casa fica lá trancada o dia inteiro, às vezes vou lá visita-la, ela tem
ótimas historias a respeito dos meus avós.
Talvez,
as pessoas tenham se apegado a perfeição que contei deles nessa história. Mas
sabemos que todos somos sujeitos a erros, a brigas, a choro, sofrimento, dor,
ilusão e tantas outras coisas que mal mencionei ao contar a historia deles.
A
vovó Carmelita em seu diário detalha tudo o que viveu, os mínimos detalhes
estão lá. Entretanto, não poderia me prender a coisas banais com um amor tão
lindo como foi o deles.
As
lágrimas ao verem seus pais separados, era uma das coisas que ela conta, ela
chorava em silêncio no seu quarto para que sua mãe não visse, sempre que seu pai
ia visitá-las ela guardava a esperança da volta deles, coisa que nunca aconteceu.
Ela fala o quanto ficou irritada ao conhecer Vicky, pois ela era uma pessoa
linda, não só por fora, mas por dentro também e que ao conhecê-la notou que o
vovô Mendes nunca iria deixa-la. Ela confessa que desistiu dele ali, mas que
algo mandava continuar e permanecer. Ela gostava tanto da tia Sol que não
conseguia explicar, tanto que na briga delas, ela nem deu muita importância, só
tem uma parte muito curta falando sobre.
Ela
fala o quanto era difícil passar tanto tempo longe do vovô Mendes nas férias e
só ficava imaginando ele e Vicky juntos, uma falta de ar dava, uma raiva, uma
vontade de gritar. Quando o vovô Mendes foi embora para o Brasil, ela conta que
passou uma semana inteira chorando antes de dormir, ela queria sair e procurar
por ele e contar o que sentia, mas já era tarde. Foram os 6 anos mais longos da
vida dela. Ela conta que se sentiu balançada por um rapaz, mas não fala o nome
dele, que marcaram de sair duas vezes, mas que ela não parava de pensar no vovô
Mendes e desistiu.
Ah,
o reencontro, ela queria gritar, chorar, sorrir, bater nele, mas o brilho nos
olhos, o gaguejar foram coisas que ela conseguia descrever, a vontade dela era
segurá-lo e não largar nunca mais. As horas passaram tão rápido quando ficaram
ali conversando sobre tudo e o grito interno que ela deu quando ele falou que
estava solteiro. ‘...Hoje passei a tarde inteira conversando com Juan,
depois de tanto tempo sem ver ele e sem falar com ele. A melhor parte de todas:
ELE ESTÁ SOLTEIROOOOOOOO...’ Essa parte copiei na integra, precisei.
Ela
lembrou de Vicky ao ver a pequena Isis, mas sentiu um amor por ela tão grande
que não conseguia explicar. O quanto foi estranho beijar pela primeira vez, não
foi bom. Mas os outros foram ótimos. A insegurança de ver Vicky novamente depois
de tanto tempo, a felicidade de ter o casamento antecipado. A parte da lua de
mel, prefiro não entrar nos detalhes, até porque são meus avós. (Risos)
Quando
a bisavó e o bisavô morreram, ela não comentou, só falou ‘Hoje foi um
dia triste. Não quero falar.’
O
vovô Mendes era um amor, mas era muito ignorante, fico imaginando as brigas
deles, deveria ser uma confusão.
Os detalhes são aos montes, mas preferi não da
tanta importância pela grandeza desses dois. Imagina uma pessoa esperar por
outra tantos anos e tudo na sua vida de casal ser só com uma única pessoa. A
ponto de deixar praticamente de viver só para esperar um grande amor chegar. E
se ele não chegasse? Uma paciência que eu não teria. Sou grata a ela por essa
lição de vida. Sinto sua falta, mas entendo que ela estar em um lugar bem
melhor com o vovô.
Eu entendo que nada dura para sempre
Só o
suficiente para se tornar inesquecível!
Título: Amanhã é outro dia, não
é?
Autor: Carlos F. Jr.
Revisão: Rossana Maximino /
Dáfenes Rodrigues
Ilustração: Carlos F. Jr. /
Rossana Maximino
Categoria: Romance / Drama
Local: Recife- PE
Ano: 2016
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