quinta-feira, 7 de julho de 2016

Amanhã é outro dia, não é? (Completo)

Amanhã é outro dia, não é?
(Tomorrow is another day, right? / Mañana será otro día, ¿verdad?)
Por Carlos F. Jr.


Era uma vez...
Ah, isso é tão clichê. Mas, às vezes o clichê esconde uma beleza infinita e segredos ainda não desvendados. Mas, vamos lá, tudo começou lá em 1993 quando o casal Maria de la Rosa e Paolo Chávez planejaram seu primeiro filho, já estavam casados há mais de 15 anos e estavam loucos para terem um bebê. Tentaram uma, duas, três vezes, todas sem sucesso, na quarta vez, finalmente conseguiram.
Aquele casal era tão unido e tão feliz, depois de 7 meses e meio nasceu sua primeira filhinha, a linda e querida, Carmela de la Rosa Chávez. Maria e Paolo gostavam muito de flores, por isso o nome da linda flor Carmelo; mesmo nascendo 1 mês e meio antes do esperado, Carmela teve saúde em sua vida e cresceu dia a dia sem problema algum.
Quinze anos se passaram desde o nascimento daquela menina e nesse longo tempo muitas coisas mudaram na vida da pequena Carmela, seus pais acabaram se separando no meio de tantas adversidades, ela acabou ficando em sua casa junto a sua mãe, Maria; mas Paolo sempre que podia ia visitar as duas, para ajudar em alguma coisa e saber se elas estavam bem, ele sempre foi um ótimo marido e um pai sem igual. As causas da separação deles não se sabem ao certo, talvez, simplesmente tenha chegado o tempo deles.
Carmela com seus quinze anos estava entrando no seu 1° ano do ensino médio, colégio novo, pessoas novas, amigos novos, ela nunca tinha namorado alguém, nem tão pouco beijado alguém, ela não tinha nenhuma pressa para tais ações. Nessa nova escola sua melhor amiga, Sol Colucci, tinha conseguido ingressar também e, mais incrível ainda, na mesma sala dela.
Aquele colégio interno, chamado Colégio de Elite, era a sensação da cidade de Tijuana, um colégio maravilhoso e barato, dando a Maria e Paolo condições de pagarem as mensalidades. As meninas estavam entusiasmadas para sua nova vida nesse colégio novo.
Logo no primeiro dia de aula todos estavam sentados em suas cadeiras e enquanto o professor se pronunciava explicando o regimento daquele colégio chega um rapaz jovem e um tanto bonito naquela sala, pede licença ao professor e se desculpa pelo atraso, o professor balança a cabeça positivamente e pede para o rapaz se apresentar, então ele diz:
 - Bom dia! Meu nome é Juan Mendes, sou daqui de Tijuana, tenho 17 anos, tive que parar os estudos por dois anos por problemas pessoais e é isso...
 Toda sala riu e aquele jovem se sentou. Carmela ficou encantada com ele e comentou com Sol:
- Uau amiga, que lindo. Eu pegava fácil, fácil.

Elas riram sem parar. Mas no fundo, bem no fundo, Carmela sentiu algo diferente, algo que nunca havia sentido antes.
       As aulas iam passando dia a dia, Carmela e Juan só se encontravam durante as aulas, em outros momentos nunca tinham tal oportunidade, porque ele sumia e ela não conseguia encontra-lo. Na terceira semana de aula Sol estava indo ao dormitório, quando viu Juan passar com uma menina linda, loira, olhos caramelos, magrinha, é claro, que ela ficou surpresa e deduziu que aquela era a namorada do rapaz. Ela correu rapidamente até Carmela e contou a ela. Carmela ficou surpresa e desapontada ao mesmo tempo.
           No dia seguinte na aula, Juan precisou de uma ajuda em uma matéria que já sentira dificuldade e perguntou a Sol se ela sabia daquele assunto, Sol mesmo sabendo, disse que não, e que quem sabia era sua amiga. Ele então pediu ajuda a Carmela, o primeiro "oi" ninguém nunca esquece. Ela ficou sem jeito e disse que iria ajuda-lo sem problema.
           A partir dali começava uma boa e grande amizade entre eles, Juan, Carmela e Sol. Os dias iam se passando naquela sala e a turma ficando mais unida e se conhecendo mais e mais, assim como, os três se conheciam bem mais a cada dia, Juan então apresentou sua namorada as suas novas amigas, e mesmo tendo uma queda por ele Carmela respeitava seu namoro.
            Juan sempre foi um cara fiel e sempre que namorava não tinha olhos para outras meninas. Em uma de suas conversas com as meninas, Juan contou a história de quando começou a namorar, Vicky Real. Ela era irmã de uma amiga dele, eles se conheceram por acaso e começaram a conversar, a conversa deu certo e estão juntos até hoje, já fazem 2 anos e pretendem ficar juntos por muito tempo.
           Mesmo tendo consciência desse sentimento tão forte que havia entre eles, Carmela se envolvia cada vez mais com Juan, e com isso, o apreço que sentia aumentava mais e mais, e Juan as tinha como amigas, ele não notava esse sentimento de Carmela por ele.
      Aquele primeiro ano passou muito rápido, todos da turma passaram de ano e chegaram às merecidas férias. Carmela pensava em como iria passar um mês inteiro sem ver Juan.
       Juan foi passar suas férias junto a Vicky e sua família na belíssima cidade de Acapulco. Sol decidiu que iria passar as férias em casa descansando e iria aproveitar o tempo para ver seus amigos que não via a um bom tempo. Já Carmela passou as férias em sua casa pensando em Juan  e o quanto seria chato passar tanto tempo sem poder vê-lo.
         Mesmo sem notar, Carmela se tornava cada dia mais dependente de Juan e desse sentimento que crescia cada dia mais.
 Estavam naquela sala de aula Juan e Carmela, os dois estavam frente a frente e sozinhos; de repente um beijo aconteceu. Carmela estava realizando o sonho de sua vida, era algo sem explicação, (aquele beijo seria inesquecível).
Minutos depois daquele longo beijo, Carmela ouviu um som bem ao longe que aos poucos foi aumentando, mas era apenas seu despertador e tudo aquilo era só um sonho, ela acordou sem acreditar no que tinha acabado de sonhar e com uma felicidade enorme pulsando dentro de si, então ela morde os lábios para tentar sentir o gosto dele na sua boca e solta da cama sorrindo.
 Quase que como em um passe de mágica as férias acabaram e era dia de voltar às aulas e para Carmela, dia de voltar a ver Juan. Carmela por mais que gostasse bastante dele não tinha pretensão de contar a ele o que sentia, ela entendia que era melhor sua a amizade do que nada.
- Olá Carmela! -disse Juan- indo na sua direção para lhe dar um forte abraço.
 Naquele momento Sol estava chegando também e os três foram colocar os papos em dia e saber como aquelas férias foram tão boas e proveitosas.
Aquela turma do 1° ano era a mesma deste 2° ano, uma turma boa e bem entrosada, todos já estavam com expectativas para o futuro, planos e sonhos.
Carmela era uma das primeiras da escola inteira, ela se dedicava bastante dia a dia para ter um futuro bem promissor, aquele segundo ano foi bem longo para a turma, cada dia mais a escola cobrava mais e mais deles, pois queriam formar excelentes pessoas e profissionais.
Já era sexta-feira dia de ir para casa ver os pais, Carmela comentava com Sol dizendo o quanto gostava de Juan e que tudo só aumentava cada dia mais. Entretanto, todos os dias Sol sempre via Juan e Vicky juntos percebendo que o quanto eles se gostavam muito e que ele parecia ser uma pessoa boa e bem fiel ao que estava vivendo.
Então, ela como amiga resolveu abrir os olhos de Carmela dizendo:
- Amiga, eu sei o quanto você gosta dele! Mas, você não pode se prender a isto! Ele é comprometido, demonstra que a ama tanto e que pretende ter filhos e casar com ela! Você é muito jovem tem a vida toda pela frente! Para de se prender a isso!
Carmela se irritou com o que Sol havia dito e pediu para ela não se meter na vida dela, pois ela sabia de tudo isso, mas que não iria deixar para lá! (as duas acabaram discutindo feio).
 No fim da discussão Carmela falou:
- O amor é paciente e eu vou esperar o tempo que preciso for! Um dia ele vai ser meu!
 Deu as costas a Sol e se retirou bastante irritada.
Ao chegar em casa, ela entrou batendo as portas e se trancou no quarto para pensar e chorar um pouco; pois final das contas o que Sol havia lhe dito a deixou muito abalada.
A mãe dela, Maria, não entendia o que estava acontecendo, mas respeitava e a deixou em paz com os seus pensamentos.
Mais tarde, Carmela se acalmou e foi para sala conversar com sua mãe, ela resolveu contar tudo, Maria sorriu, e falou para ela seguir o seu coração e não ter pressa, pois tudo acontece no tempo certo, se há de acontecer.
O fim de semana passou rapidinho, na segunda mesmo, Sol foi se desculpar com sua amiga por ter sido um tanto que insensível. Nada de mágoas ou raiva, Carmela era uma pessoa que guardava um carinho enorme independente do que ela tinha dito.
 Algo dizia a Carmela para ela se declarar a Juan, mas ela decidiu não ouvir; é claro que ele havia notado algo diferente nela, seu modo de falar com ele, seus olhares, o jeito que ela ficava, eram coisas que fazia com que ele suspeitasse de algo, mas é óbvio, nada com certeza.
 Fim daquele ano de 2009, consequentemente término do 2° ano e mais uma vez as férias chegaram. Na hora da despedida, Carmela deu um abraço tão forte em Juan que parecia que era um abraço de despedia, ela cogitou em falar algo, mas desistiu. E de lá foram embora.
Mal sabia ela que o destino iria pregar uma peça nela...

Fim das férias e volta às aulas. Era o último ano do colegial, felicidade grande tomando conta de todos. Todos estavam chegando para o reencontro do primeiro dia letivo e nada de Juan, como sempre, a turma era a mesma daquele primeiro ano.
- Sol você viu o Juan?- Carmela perguntou meio apreensiva.
Sol respondeu dizendo que não, a aula então começou e Carmela nem prestou tanta atenção no que o professor falava, só pensa onde estaria Juan. E aquele primeiro dia de aula se encerra e Juan não havia dado às caras. Ela e Sol resolveram ir perguntar ao gestor o que tinha acontecido; ele falou a elas que Juan havia ligado para lá duas semanas antes das aulas recomeçarem e avisou que não iria mais a escola, pois seus pais iriam se mudar e ele teria que ir junto. Não poderia mais continuar, foi um telefonema muito rápido. Agradeceu pelo ensino e simplesmente desligou.
Ele nem havia se despedido (elas pensaram), Carmela não conseguiu conter as lágrimas e a tristeza que se instalou dentro de si; foi sem sombra de dúvidas o ano mais longo da vida dela. Contudo, finalmente acabou!
Mesmo caindo o seu rendimento, Carmela acabou como umas das primeiras da escola e Sol também formou-se com êxito; chagando assim a hora tão esperada de ir para faculdade.
Juan, seus pais e Vicky foram morar no Brasil naquele ano de 2010, o pai de Juan recebeu uma proposta grandiosa de trabalho e não podia recusar; Juan e Vicky se formaram naquele ano também, porém na cidade de São Paulo.
Estava em seus planos fazer faculdade, mas ainda no 3° ano, Juan recebeu uma proposta para fazer umas fotos em uma propaganda de perfume, logo depois fez uns desfiles, se tornando um grande modelo. Como o colégio não era interno, Juan trabalhou, estudou e se deu bem nas duas áreas. Ganhou naquele ano muito dinheiro e foi morar com Vicky.
Pelo fato do colégio que eles estudavam em Tijuana ser interno, os alunos não podiam ter redes sociais, era dedicação exclusiva aos estudos. Por isso, Juan não tinha como ter contado a suas amigas, Sol e Carmela, que iria viajar.
No ano de 2010, Juan teve que ir embora, seis anos se passaram, já era 2016, e cada um foi vivendo sua vida e construindo seus planos e sonhos  aos poucos. Juan virou um modelo bastante conhecido, Sol uma publicitária, Carmela professora de línguas e Vicky fez faculdade de direito, mas não concluiu.
Passaram-se seis anos e nesse tempo tanta coisa aconteceu, dentre elas, Vicky fez amizade com um cara da faculdade que tinha uma vida um pouco louca e acabou provando umas drogas pesadas, mas, felizmente não ficou viciada.
Esse amigo dela da faculdade cujo nome era César, era um cara sem caráter e traía sua esposa sempre, além disso, ele sempre pedia para ficar com ela, até porque ela era linda. Vicky sempre se recusava.
 Mas, aos poucos, ela começou a ficar muito paranoica e bastante ciumenta, desconfiava de tudo que Juan fazia, assim, a relação deles acabou se desgastando e o namoro se desfez no começo de 2015.
 Juan deixou Vicky com a casa que eles construíram e foi embora, mas, para surpresa dele, depois de quase um ano sem vê-la, ela aparece na sua casa com uma menina no colo e diz que é sua filha e que não tem condições de criá-la. Juan fica sem esboçar nenhuma reação.
- Como pode ser minha? (Ele indagou)
- Juan, ela lembra você é só olhar direito para ela! Ela está com um mês de vida sai do hospital vai fazer uma semana. (Vicky responde)
- Qual o nome dela? (Juan perguntou)
- Eu não coloquei seu nome ainda. Eu não podia ter uma criança agora, sou nova, tenho muito para viver ainda. Desculpa, mas tentei abortar duas vezes. (Confessou Vicky)
Juan ficou pasmo com tudo isso, discutiu com ela e falou que iria tomar conta de sua filha com muito amor; Vicky chorou, abaixou a cabeça e foi embora. Ele se encantou com aquela menina, ela era linda, a cara de Vicky, loira, olhos caramelos.
Ainda nesses seis anos, os pais de Juan voltaram ao México, mas Juan escolheu ficar no Brasil. Naquele momento com sua pequena filha, ele sentiu que era a hora de voltar ao México, a sua cidade natal, Tijuana.
Carmela terminou a faculdade, claro, e nesse tempo todo ela teve muitos paqueras e rapazes a pedindo em namoro, mas ela não aceitava, porque resolveu esperar paciente como sempre foi.
Já eram seis anos sem ver seu grande amor; Sol e ela se viam todos os dias, uma amizade que só fazia aumentar sempre; Carmela já estava com 23 anos, Juan com 25 anos e já era pai, Sol também com 23. E depois de tanto tempo o destino iria juntar aquele trio novamente, mas agora, com muita coisa diferente, afinal, seis anos se passaram.
Enfim, Juan volta à sua cidade natal, Tijuana. Seus pais ao verem aquela criança ficaram sem reação, mas aceitaram e resolveram ajudar seu filho e sua linda neta, Isis Mendes. Ainda naquele primeiro dia Juan resolveu passear pela cidade, ver como tudo estava depois de tantos anos, logo mais à frente, como se o destino cooperasse para esse grande reencontro, Juan passa e depara-se com Carmela, ela olha bem para ele e com palavras trêmulas fala:
          - J... J... JUAN?! (Uma lágrima rolou, mas agora era de felicidade)
Ele abre aquele sorriso gigante e da um abraço tão forte em Carmela, logo em seguida ela bate nele e briga por ele ter ido embora e não ter avisado e ainda não ter voltado com os pais quando eles regressaram ao México.
Ele se defende dizendo que não teve como e que até tentou avisar. Então, eles acabaram passando o resto do dia sentados naquela calçada da rua conversando, Juan acabou contando tudo que havia acontecido em sua vida, ela parou na frase “e acabamos nos separando”.
Para ela era a hora de tentar algo, ela sorriu, disse a ele que estava bastante feliz em vê-lo e, assim, ele pediu para ir à sua casa conhecer a sua filha, combinaram de ir se encontrar lá e ela disse que iria levar Sol também. Foi uma noite longa, depois de tanto tempo aquele trio estava unido novamente.
Os dias iam passando, Carmela se aproximava mais de Juan e sua filha, as coisas iam se encaixando aos poucos, Carmela ainda não tinha pressa para nada, aquele jeito de menina e ao mesmo tempo mulher ia chamando a atenção de Juan, aquela dedicação em cuidar da pequena Isis era algo sensacional, e ele percebia isso.
 Em um fim de semana, um convite inesperado, Juan chama Carmela para ir ao cinema, o filme era tão bacana, mas a sensação de que faltava algo o deixava inquieto, ele olhou bem nos olhos dela e sorriu. Ela toda sem graça, baixou a cabeça, ele pegou no queixo dela levantou e um beijo aconteceu, ali mesmo dentro daquele cinema, foi o primeiro beijo de Carmela.
Foi, talvez, uma das maiores realizações da vida dela, ela o esperou tanto, esperou tanto esse dia, e ele finalmente chegou.
Entre eles as coisas aconteceram naturalmente, bem lento, bem vivido, como deveria ser. O namoro começou do jeito que Carmela imaginava, passaram-se os anos, 4 anos de namoro e de construção pessoal. Para Juan, era difícil controlar suas vontades, mas ele respeitava Carmela, ela queria se guardar até o casamento e assim seria feito. Ele queria mais do que ela podia oferecer naquele namoro, e então, quando ela menos esperava o pedido chegou:
- Carmela, casa comigo?!
Ela lembrou-se do que sua mãe disse 'tudo tem seu tempo para acontecer, se há de acontecer'. O sim veio com exatidão e sem nem pestanejar. O grande dia ia chegar.
Sem eles nem imaginarem, Vicky volta à cidade, Juan se sente balançado com aquela aparição repentina, ela queria ver a sua filha e tentar mais uma chance com Juan, ele sempre foi decidido nas suas escolhas e já estava certo do seu sentimento por Carmela.
Mesmo assim, Carmela se sentiu ameaçada, e algumas brigas aconteceram por conta desta volta, para provar à Carmela do seu amor, Juan antecipou o casamento. Casaram quatro meses antes do esperando.
Era o dia mais lindo, a daminha Isis, Sol estava de madrinha, a noiva entrando com seu pai, Paolo, foi um dia lindo e inesquecível.
Aquela menina agora era Carmela de la Rosa Mendes. A noite chegou, ela estava se sentindo tão bem e a noite foi uma maravilha! Agora, aquela menininha era uma mulher.
Depois de muitas brigas, Vicky desistiu de voltar com Juan e deixou a guarda de Isis para ele e regressou para São Paulo onde foi continuar sua vida. Isis já estava grande e sempre foi criada com muito amor por Carmela e Juan, ela chamava Carmela de mamãe, sempre foi assim.
Dois anos depois de casados, era a hora de ter seu primeiro filho, Rafael de la Rosa Mendes nasceu depois de 9 meses de gravidez. Os dias iam passando e aquele casal se unia e ficava mais apaixonado a cada dia, é claro que, enfrentavam as barreiras da vida, incluindo a morte repentina do pai de Juan, Miguel Mendes.
Essa vida é muita inesperada mesmo, quase que simultaneamente à morte de Miguel, Carmela descobriu que estava grávida novamente, ela falou que se fosse um menino seria Miguel em homenagem ao pai de Juan. Mas, como a vida é quem dita as regras, nasceu a linda Aurora de la Rosa Mendes.
          Rafael já estava com seus 4 anos, Isis com 10 anos e Aurora estava nascendo. Eram os filhos daquele casal, Juan já estava com seus 40 anos muito bem vividos e Carmela estava com 38 anos no momento do nascimento de sua filha Aurora.
            Aquelas crianças cresciam rapidamente, quando menos se espera já eram homens e mulheres realizados. Nesse meio tempo os pais de Juan e Carmela já haviam morrido. Paolo falecera em um acidente de carro; Maria de velhice; Gabriela, mãe de Juan, de pneumonia. 
            Sol havia casado também, mas por ser infértil não teve filho e não quis adotar. Ela sempre esteve com seus amigos e compadres. 
            Rafael foi o primeiro a casar. Casou-se com a linda Celina, no mesmo ano teve seu primeiro filho, Pedro de la Rosa Mendes. Aurora casou logo em seguida aos 18 anos com Giovanni. Sabendo um pouco da história de vida de seus pais, Rafael e Aurora decidiram se manter com o nome da família ‘de la Rosa Mendes’, escolheram não modificar o seus nomes ao casarem e colocaram o nome de seus filhos com o sobrenome de sua mãe.
            Aos 28 anos, Isis decidiu ir embora, ela queria ter uma experiência com Vicky, para poder conhecer sua mãe um pouco, nem que fosse uma passagem rápida, Juan concordou com sua decisão, então, ela decide se mudar para o Brasil. Lá, ela conheceu Pablo e acabou namorando com ele.
            Isis no Brasil era uma empresária renomada; Rafael e Aurora levaram os negócios do pai para frente (Juan como tinha experiência na área, abriu uma agência de modelo com o nome Macaparana Style, Macaparana era a cidade natal de José, um amigo que ele conheceu na passagem pelo Brasil, infelizmente, José morreu em um acidente, ainda quando Juan estava no Brasil e para homenagear o amigo, colou o nome de sua cidade natal). Era umas das agências de modelo mais respeitada de Tijuana.
          Anos iam se passado e os filhos daquele casal, Juan e Carmela, iam ficando mais velhos e responsáveis e seus netos iam chegando um a um. Depois de dois anos de Pedro, Rafael e Celina tiveram Diego, no mesmo ano Aurora teve seu primeiro filho e o nomeou de Miguel, em homenagem a seu avô, que falecera no mesmo ano de seu nascimento.
            Rafael e Celina tiveram seu terceiro filho um ano depois, como Rafael era muito apegado ao seu pai, deu o nome de sua filha, Gabriela, em homenagem a sua avó. Lá no Brasil, Isis já estava morando com Pablo e cuidando de Vicky, quando descobriu sua gravidez, nascera então, Luna Mendes. Sete anos depois de seu primeiro filho Aurora teve mais um filho sua pequena, Luziane. 
            Então, a família de la Rosa Mendes se formou. Juan e Carmela tiveram Rafael e Aurora. Rafael casou com Celina e tiveram Pedro, Diego e Gabriela. Aurora casou com Giovanni e tiveram Miguel e Luziane. Isis com Pablo teve Luna. 
            Isis levou Luna e Pablo para conhecer Juan e Carmela, que ainda não os conheciam, aquele pai e filha se apaixonaram pelo casal e pela cidade. Passaram dois meses conhecendo a família e voltaram para o Brasil, mas como amaram a cidade, decidiram comprar uma casa naquela cidade para sempre regressarem. 
            Aos 10 anos, Luziane foi morar com seus avós, pois, ela gostava muito deles e queria ajudá-los nos afazeres de casa e consequentemente viver mais com eles.
          Dois anos se foram, já era 2063, e Luziane ainda morava com seus avós, um amor sem medida aquela menininha sentia por eles. As festas de final de ano sempre eram comemoradas na linda casa de Juan e Carmela. Isso já era uma cultura para aquela família, todos iam para lá passar os dias de natal e réveillon, até Isis, Luna e Pablo viam do Brasil para isso, era uma festa muito animada. 
            Já tinha passado o natal e era dia 31 de dezembro daquele mesmo ano. Todos estavam se preparando para o réveillon, às 20h30min Juan passou mal. Foi uma correria para leva-lo ao hospital, ele sentiu uma dor muito forte no peito.
            Rafael correu e pegou o carro que estava na garagem, Aurora ainda não havia chegado, pois estava com Isis e Luna dando uma volta na cidade. Pablo estava dormindo na sua casa de Tijuana, Celina estava em sua casa se arrumando para a festa e Giovanni ainda não havia saído do trabalho. Mas seus netos e Rafaela já estavam lá. Miguel e Gabriela não deixaram Carmela ir junto, não sabiam o que podia acontecer lá, então ficaram em casa com ela. Foram para o hospital Rafael, Diego, Pedro e Luziane. Demoraram aproximadamente 20 minutos para chegar lá.

            - SOCORRO! SOCORRO! Alguém ajuda! (Luziane entrou gritando naquele hospital, com Juan sendo carregado pelos rapazes).

            Um médico saiu as pressas para ajudar, levaram Juan para dentro, em uma sala que não podiam entrar, então, eles ficaram no aguardo. Depois de alguns minutos o médico voltou, disse que Juan tinha tido um infarto agudo do miocárdio, Luziane falou que não havia entendido, então seu tio explicou:

            - Ele teve uma parada cardíaca, Luzi.

            O médico balançou a cabeça positivamente e continuou falando que conseguiu reanima-lo e que ele estava sob observação. Rafael então ligou para sua mãe e contou o que havia acontecido e que tudo estava bem, logo estariam em casa.
            Já passavam das 23h, quando Juan teve outra parada cardíaca, novamente foi uma correria de médicos e enfermeiras. Mas desta vez ele não resistiu, sua idade era muito avançada. Então Juan morreu aos 78 anos...
            Um silêncio se fez presente naquele hospital por alguns minutos!
            Até hoje, quando lembro, minhas lágrimas rolam. Era fim de ano, alegria, festa, ninguém deveria morrer neste dia. Aquele 1 de Janeiro de 2064 foi bastante cinza.
            Recordo que naquele dia 31 fomos fazer nossa última refeição do ano, era a hora do jantar, como de costume, fizemos nossa oração e o orador foi ele. Ainda me lembro de suas palavras:

            - Senhor, dai-nos força para evitar os maus pensamentos, os maus sentimentos e as más atitudes. Dai-nos coragem para ser e melhorar o que somos. Dai-nos luz e sabedoria. Amém!

            Ele permaneceu de cabeça baixa e olhos fechados por um instante e falou baixinho:

            - Prometamos nos despedir sem dizer adeus jamais.

            Era como se fosse uma despedida, e foi... 
Talvez vocês estejam se perguntando como sei tanto sobre a vida de Carmela e Juan, não vivi junto toda a história de vida deles, mas alguns anos sim. Entretanto, Carmela tem um diário e o encontrei esses dias.
                Esse diário fala bem detalhado a história de amor dela e Juan, o título do diário dela é ‘Amanhã é outro dia!’. Ela explica que temos que viver dia a dia sem hesitar e sem esperar muito, porque como a mãe dela falou 'tudo tem seu tempo para acontecer, se há de acontecer'. Mas ela parou de escrever depois daquele triste dia que Juan morreu.
                Bom, da morte de Juan em diante foram minhas palavras e minha versão de toda história, até porque eu estava lá, vi tudo aquilo. E me emociono muito quando falo nisso, igual a Carmela. Eu me senti na obrigação de tomar conta dela até o fim, porque ela fez tanto por mim.
                Sou sua neta, Luziane. Depois que o vovô Mendes morreu, fiquei bem mais apegada a ela. A vovó Carmelita é uma das maiores mulheres que já viveu e meu maior orgulho, hoje ela tá ali deitadinha em silêncio e não fala mais nada, vez ou outra ela chama o nome de vovô Mendes. Isso tudo porque já fazem mais de 5 anos que ela estar com a doença de Alzheimer, nem de mim ela lembra mais. Quando encontrei o diário dela, ela já estava doente, leio para ela todo dia essa história e as vezes ela sorrir, eu fico tão feliz, acho que as vezes ela entende o que falo.




Luziane de la Rosa Mendes escreveu um livro com o diário de sua avó, chamado de “Família de la Rosa Mendes”. O livro foi um sucesso e foi traduzido em mais de quinze línguas. Dois dias depois da publicação do livro, aos 87 anos, Carmela descansou eternamente, parecia que ela só estava esperando isso. Para quem a conheceu, via o quanto Carmela era dedica naquilo que fazia, ela deixou um testamento, onde repartia por igual todos os seus bens para todos os três filhos e netos. Mas a casa dela seria exclusivamente de Luziane por toda sua dedicação. 

Sol, passou os últimos dias ao lado da sua amiga, mesmo sem Carmela lembrar dela. Depois da morte de sua amiga, Sol permaneceu o resto de seus dias, em mais parte, na sua casa, ela morreu aos 90 anos de causas naturais.

Juan e Carmela cumpriram com o prometido 'até que a morte os separe'. Provaram que o amor mesmo sendo tão lindo e tão verdadeiro não dura para sempre. Hoje, talvez, estajam juntos novamente vivendo o amor infinito, e claro, com Sol junto a eles. Alguns anos mais a frente, Luziane se casou e teve um casal de gêmeos, Carmela de la Rosa Mendes e Juan de la Rosa Mendes foram os nomes escolhidos por ela para aquelas crianças. Uma homenagem mais que merecida a esse casal fantástico.


Assim nasceu a família, de la Rosa Mendes!


Um ano depois da publicação do livro, Luziane publicou uma nota a cerca da historia de seus avós que ela havia escrito.

                Hoje sinto tanta falta da vovó e do vovô, eu mal vejo a tia Sol agora. Ela não sai mais de casa fica lá trancada o dia inteiro, às vezes vou lá visita-la, ela tem ótimas historias a respeito dos meus avós.
                Talvez, as pessoas tenham se apegado a perfeição que contei deles nessa história. Mas sabemos que todos somos sujeitos a erros, a brigas, a choro, sofrimento, dor, ilusão e tantas outras coisas que mal mencionei ao contar a historia deles.
                A vovó Carmelita em seu diário detalha tudo o que viveu, os mínimos detalhes estão lá. Entretanto, não poderia me prender a coisas banais com um amor tão lindo como foi o deles.
                As lágrimas ao verem seus pais separados, era uma das coisas que ela conta, ela chorava em silêncio no seu quarto para que sua mãe não visse, sempre que seu pai ia visitá-las ela guardava a esperança da volta deles, coisa que nunca aconteceu. Ela fala o quanto ficou irritada ao conhecer Vicky, pois ela era uma pessoa linda, não só por fora, mas por dentro também e que ao conhecê-la notou que o vovô Mendes nunca iria deixa-la. Ela confessa que desistiu dele ali, mas que algo mandava continuar e permanecer. Ela gostava tanto da tia Sol que não conseguia explicar, tanto que na briga delas, ela nem deu muita importância, só tem uma parte muito curta falando sobre.
                Ela fala o quanto era difícil passar tanto tempo longe do vovô Mendes nas férias e só ficava imaginando ele e Vicky juntos, uma falta de ar dava, uma raiva, uma vontade de gritar. Quando o vovô Mendes foi embora para o Brasil, ela conta que passou uma semana inteira chorando antes de dormir, ela queria sair e procurar por ele e contar o que sentia, mas já era tarde. Foram os 6 anos mais longos da vida dela. Ela conta que se sentiu balançada por um rapaz, mas não fala o nome dele, que marcaram de sair duas vezes, mas que ela não parava de pensar no vovô Mendes e desistiu.
                Ah, o reencontro, ela queria gritar, chorar, sorrir, bater nele, mas o brilho nos olhos, o gaguejar foram coisas que ela conseguia descrever, a vontade dela era segurá-lo e não largar nunca mais. As horas passaram tão rápido quando ficaram ali conversando sobre tudo e o grito interno que ela deu quando ele falou que estava solteiro. ‘...Hoje passei a tarde inteira conversando com Juan, depois de tanto tempo sem ver ele e sem falar com ele. A melhor parte de todas: ELE ESTÁ SOLTEIROOOOOOOO...’ Essa parte copiei na integra, precisei.
                Ela lembrou de Vicky ao ver a pequena Isis, mas sentiu um amor por ela tão grande que não conseguia explicar. O quanto foi estranho beijar pela primeira vez, não foi bom. Mas os outros foram ótimos. A insegurança de ver Vicky novamente depois de tanto tempo, a felicidade de ter o casamento antecipado. A parte da lua de mel, prefiro não entrar nos detalhes, até porque são meus avós. (Risos)
                Quando a bisavó e o bisavô morreram, ela não comentou, só falou ‘Hoje foi um dia triste. Não quero falar.’
                O vovô Mendes era um amor, mas era muito ignorante, fico imaginando as brigas deles, deveria ser uma confusão.
          Os detalhes são aos montes, mas preferi não da tanta importância pela grandeza desses dois. Imagina uma pessoa esperar por outra tantos anos e tudo na sua vida de casal ser só com uma única pessoa. A ponto de deixar praticamente de viver só para esperar um grande amor chegar. E se ele não chegasse? Uma paciência que eu não teria. Sou grata a ela por essa lição de vida. Sinto sua falta, mas entendo que ela estar em um lugar bem melhor com o vovô.


Eu entendo que nada dura para sempre
Só o suficiente para se tornar inesquecível!







Título: Amanhã é outro dia, não é?
Autor: Carlos F. Jr.
Revisão: Rossana Maximino / Dáfenes Rodrigues
Ilustração: Carlos F. Jr. / Rossana Maximino
Categoria: Romance / Drama
Local: Recife- PE
Ano: 2016

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