A noite
The night / La noche
Por Carlos F. Jr.
Robert era um cara bem carismático e um homem bem feliz com sua vida. Por onde
ele passava deixava boas vibrações e fazia com que o ambiente ficasse mais
positivo. Ele trabalhava em uma empresa de computação há mais de dois anos e
morava com sua namorada Joanna Miller de apenas 16 anos e por quem ele tinha um
amor gigantesco. Robert era bem realizado em seu trabalho e muito bem sucedido
financeiramente.
- Bom dia amor, vamos levantar que hoje é domingo e nós vamos passear um pouco.
Hoje o café da manhã é por minha conta.
Robert levantou e foi até a cozinha preparar o café da manhã deles, ovos com
bacon e uma xícara de café bem quente. Naquele domingo ensolarado Robert iria
levar Joanna ao shopping, era dia de compras e de se divertir um pouco, pois as
semanas dele no trabalho estavam muito corridas e cansativas. Logo aquele fim
de semana passou, e na segunda-feira todo aquele trabalho recomeçou.
Robert tinha planos de ter um filho com Joanna, mas sabia que ela era muito
jovem e preferiu aguardar mais uns anos. Ele cada dia tinha mais certeza de seu
amor por aquela menina. Os dias naquela empresa iam passando e uma notícia
chegou por lá, um novo companheiro iria chegar para fazer os trabalhos junto
com Robert, pois ele estava muito sobrecarregado com os afazeres. No dia
seguinte o patrão de Robert o chamou em sua sala e anunciou o esperado:
- Robert, sei o quanto você esta sobrecarregado com o trabalho, por isso
resolvi contratar uma pessoa para lhe ajudar. Ela é bem experiente no que faz e
vai te ajudar muito. Assim, você não precisará resolver tudo sozinho.
Robert agradeceu e ficou muito feliz, pois ele estava muito estressado por
conta do trabalho que estava aos montes. O patrão dele falou que o mais tardar
em duas semanas seu novo companheiro de trabalho chegaria. As duas semanas se
passaram e em uma segunda-feira, seu novo companheiro chegou, ou melhor, sua
nova companheira, era uma moça jovem, bonita, com olhos escuros e uma simpatia
invejável. Ela chegou na empresa com o patrão de Robert e a secretaria do
mesmo. Então um aperto de mão aconteceu.
- Olá,
meu nome é Karoline Cater.
- Oi, o
meu é Robert Smith.
Aquela jovem moça logo no primeiro
contato chamou muito a atenção de Robert, mas aquele rapaz não esboçou nada
daquilo que se passava em sua cabeça.
Os dias iam se passando e com eles
os trabalhos aumentavam cada vez mais, mas com duas pessoas fazendo tudo não
ficava carregado para ninguém. Assim, o trabalho ia muito bem, os dois tiveram
um entrosamento bem legal.
Cada dia que passava Robert ia conhecendo mais aquela jovem menina. Ela era uma
moça casada a mais de 3 anos com uma rapaz chamado John Cater, não tinha filhos
e eles eram um casal bem unido, assim como Robert e Joanna. Eles eram bem
conhecidos em seu bairro por serem pessoas caridosas a ponto de toda semana
irem às ruas oferecerem comida, roupas e coisas que melhorassem a vida daquelas
pessoas nas ruas.
Mesmo assim, aqueles jovens companheiros de trabalho não conseguiam disfarçar
seu envolvimento pessoal. Seus olhares, suas brincadeiras, sorrisos, faziam com
que as outras pessoas daquela empresa falassem deles e especulassem que existia
algo entre eles. Mas como não existia nada de fato, eles sempre negavam.
Entretanto, Robert havia chamado à atenção de Karoline e Karoline de Robert,
mas eles não assumiam nada. Em uma noite, o trabalho do dia inteiro foi muito,
fazendo com eles ficassem até mais tarde. Naquela noite, fizeram mais do que só
trabalhar. Riram, brincaram, conversaram e colocaram a limpo aquilo que eles
sentiam, ou pelo menos achavam que sentiam. Mesmo estando sozinhos, nada
aconteceu, pois reconheciam que seus casamentos valiam mais que uma noite de
aventura.
Alguns meses se passaram e Markus, o patrão deles, chamou os dois em sua sala.
- Robert e Karoline esse fim de semana teremos um congresso internacional e eu
queria que vocês fossem nos representar nesse congresso.
- Mas porque você não vai Markus? (Questionou Robert)
- Não poderei ir, pois hoje irei fazer uma viagem a negócios e só vou voltar na
próxima semana. Posso contar com vocês? (Respondeu Markus)
Eles concordaram em ir nessa viagem. Robert contou a Joanna que iria nessa
viagem e que por isso passaria o fim de semana fora. Karoline fez o mesmo.
Chegou aquela sexta-feira e eles foram para o aeroporto fazer aquela viagem. O
local do congresso era em uma praia bem conhecida, chegaram em 3h em seu local.
Dois quartos no hotel pagos pela empresa e assim passaram a noite. No sábado,
dia do congresso, Robert levantou bem cedo e foi, como de costume, se
exercitar. Karoline acordou perto das 9h da manhã e foi comer. Aproveitaram
aquele dia meio que distante, mas a noite chegou e foram ao congresso. Era um congresso
internacional, mas particular, poucas empresas discutindo o que mais de novo
existia no mercado e como cada umas delas estavam trabalhando.
No fim daquele congresso, os dois foram conversar um pouco naquela praia tão
linda. Robert notou que Karoline estava meio cabisbaixa desde que pegaram o
voo. Ele perguntou a ela:
- O que está acontecendo Karoline? Você não está bem!
Ela então respondeu:
- De fato não estou bem, mas não quero falar sobre isso. Vamos aproveitar nossa
estadia nesse lugar maravilho e curti a noite.
Ela falou isso sorrindo e tentando deixar para trás seus problemas. A noite
estava caminhando muito animada, algumas doses de whisky, muita conversa,
muitas verdades sendo ditas e indiretas a todo momento.
Aquela noite junto ao mar, as ondas vinham de encontro a praia e aquele luar
tão excitante. Os olhares se cruzaram e o clima ficou mais sério. Então em um
dado instante os desejos que tanto suplicavam foram atendidos, um beijo
aconteceu. Subiram rapidamente para um dos quartos e beijos e mais beijos. Não
disseram uma palavra, só viveram aquele momento. As roupas iam sendo tiradas
tão rápidas e a noite cada vez mais quente. Os suspiros em falsetes, os olhos
revirando, o cabelo bagunçado de tanto ser puxado, o desejo sendo saciado e
aquela noite foi tão intensa e tão prazerosa que os dois nem disfarçavam aquele
sorriso maroto estampado em seus rostos. No fim, duas canecas de vinho e dois
cigarros, ela vestida com sua blusa amarrotada e um silêncio profundo naquele
quarto.
Era domingo, depois daquela noite maravilhosa, enfim, chegou o dia de voltarem
para casa e para seus amores. Na viagem que durou 3h, Karoline revelou que
estava passando por uma crise no casamento e que achava que não iria continuar
com seu marido. Ela ainda revelou que estava apaixonada por Robert e que não
foi por causa da noite, mas por esses meses de trabalho, de conversa e que cada
vez estava ficando mais difícil esconder tal sentimento. Robert falou que
estava muito balançado por ela também, mas que não podia estragar seu casamento
assim. Ela falou que entendia a situação e que não iria forçar nada.
Chegaram à seu destino, cada um para seu lado. Chegando em casa, Robert deu um
forte abraço em Joanna e olhou bem no fundo dos olhos dela e disse que a amava.
Ela retribuiu dizendo o mesmo. Sorrindo e abraçados, foram deitar e assistir um
pouco, aproveitar o resto daquele domingo.
Karoline chegou em casa, John não estava. Ela passou o domingo inteiro sozinha.
Ali no sofá mesmo adormeceu. Pela manhã, já era segunda-feira, John estava no
quarto, quando ela o acordou e disse que queria falar com ele. Uma briga
começou naquela casa, gritos e mais gritos. Então, Karoline falou:
- John, não estou aguentando mais. Quero ir embora. Quero me separar.
- Como você pode fazer isso comigo, Karoline? Caramba, eu te dei tanto amor e
sempre fui um cara sincero com você. Uma briga e você quer ir embora? (John
fala)
- Não é só por isso John... (Karoline fala com expressão de tristeza)
- E o que tem mais Karoline? (John indaga)
Ela não quis continuar com aquela briga, mas a discussão só piorava. Karoline
chorava bastante e em um ato impensante falou:
- Eu estou apaixonada por outro cara e nós ficamos nessa viagem!
John silenciou por um instante, não falou nada sobre o que ela havia dito. Só
falou:
- Você tem razão, pode ir embora.
Nessa manhã, Karoline chegou um pouco atrasa
ao trabalho, Robert já estava lá. Karoline chegou sem falar nada, só começou a
trabalhar. Em um dado momento perto do intervalo para almoço a recepcionista
fala que tem um homem procurando por Robert, ele vai até a recepção e lá está
John. Robert fala:
- Pois não senhor?
- Você que é Robert? (John pergunta)
Robert responde dizendo que sim, naquele momento John tira uma arma e
aponta para Robert. A recepcionista corre gritando, pedindo socorro, os
companheiros de trabalho e Karoline vão até os dois. Ela então fala:
- John não faça isso!
- Como você tem coragem de de fazer isso comigo? Um cara que você mal conhece,
não sabe nem de onde veio e você... (John com muita raiva fala)
Robert pergunta o que ele estava fazendo e porque ele estava ali
o ameaçando. Ela respondeu dizendo que ele sabia de tudo. Robert ficou
sem reação e baixou a cabeça. Naquele momento sem pensar, John puxa o gatilho,
ali mesmo com a arma bem perto de Robert, por algum motivo a arma falha, o
disparo não acontece. Em um movimento rápido Robert puxa o braço de John o
imobilizando no chão e em um ato de proteção começa a esmurrar aquele rapaz,
Robert estava se sentindo ameaçado e por isso não parava de da murros fortes no
rosto de John, ele já estava desacordado de tantos murros e se ele continuasse
John acabaria morrendo. Quando se ouve um tiro. Um silêncio se fez presente e a
surpresa, Karoline havia disparado o tiro a queima roupa em Robert, ele morreu
na hora. Naquela altura a polícia já havia sido chamada e tinha acabado de
chegar na empresa.
Karoline foi presa indiciada e condenada por homicídio, mas como foi em defesa
de seu marido pegou uma pena de 25 anos de cadeia em regime fechado. John foi
indiciado por porte ilegal de arma e por tentativa de homicídio, foi condenado
nos dois e pegou 15 anos de prisão. Os crimes dos dois eram inafiançáveis.
Robert morreu na mesma hora do disparo sem nem ter tempo de lutar por sua vida
e morto por aquela que se dizia apaixonada por ele. De fato ninguém nunca vai
conhecer verdadeiramente ninguém. Joanna recebeu a notícia e ficou muito
abalada, perplexa com a forma que seu namorado havia sido assassinado. Ela não
ficou sabendo do caso de Robert e Karoline, para ela, ele morreu como o melhor
cara do mundo. Ela demorou muitos anos para superar tal perda, criando uma
barreia psicológica, deixando seu passado para trás, só assim ela conseguiu
seguir, sem nunca falar sobre o que havia acontecido.
Algumas pessoas nunca mudam, já outras, mudam o bastante para seguirem em
frente!
Título: A noite
Autor: Carlos F. Jr.
Revisão: Carlos F. Jr.
Ilustração: Carlos F. Jr.
Categoria: Romance / Drama /
Ação
Local: Recife- PE
Ano: 2016
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