sexta-feira, 29 de julho de 2016

Busca pt. III (Ryan Taylor)

Reverendo Paul Smith
            O reverendo Smith finalizou sua pregação naquele culto pedindo para que cada um dos irmãos amassem uns aos outros, como o Pai amou.

             - Amem uns aos outros como o Pai vos amou. Amem em casa, no trabalho, na rua, na igreja. Amem os pobres e os ajudem, mas sem esperar nada em troca, os ajudem por amor. Amem onde vocês forem. Amém?

            Todos que estavam na igreja responderam: - Amém.

            Aquele casal que acordou no domingo bem cedo, preparou o café da manhã e Melissa foi acordar a pequena Jamilly, para daí irem à igreja, como todos os domingos faziam. Ao fim daquele culto, o reverendo Smith queria conversar um pouco com o agente Taylor.

            - Amor, o reverendo Smith quer falar comigo. Vocês podem me esperar? -O agente Taylor falou para sua esposa e sua filha de 2 anos de idade.

            - Sim, mas eu queria ir visitar minha mãe. Nós podemos ir, depois você passa para nós pegar. -Melissa respondeu.
           
            - Ah, sim. Pode ser. Até mais. -O agente Taylor fala dando um beijo em sua filha e em sua esposa.

            Todos da igreja já tinham ido embora, o agente Taylor foi então falar com o reverendo.

              - Como estão as coisas com você, Ryan? -Perguntou o reverendo Smith, chamando o agente Taylor pelo seu primeiro nome.

            - Estão bem, reverendo. Busco cada dia ser melhor do que sou. Confesso que às vezes é difícil, mas sempre estou tentando. -Respondeu agente Taylor sentando no banco da igreja.

            - E a respeito do que eu disse na minha pregação? -Questionou o reverendo

            - Amar... -O agente Taylor ficou pensando por um instante. - Eu amo muito, reverendo. Mas confesso que no meu trabalho muitas vezes é difícil, ter que manter a paz, muitas vezes é mais difícil que se pensa. E nesses momentos não pensamos no amor. Não tem como amar pessoas que fazem o mal com outras pessoas.

Agente Ryan Taylor
            - Eu entendo. Mas você está enganado, você ama quando está lutando para proteger aqueles que são honestos, você ama quando luta para proteger aqueles que você se preocupa. -O reverendo falou ficando em pé e indo em direção a sua bolsa, lá ele pegou uma cruz e deu para agente Taylor. - Tome, leve para onde você for e dê a alguém que você ame muito. Eu pedi para conversar porque tive um sonho um pouco estranho essa noite, nada que deva se preocupar, mas aproveite mais sua esposa Melissa e a pequena Jamilly. Cuide delas para que nem um mal aconteça, elas são seu tesouro, meu amigo.

            O reverendo terminou aquela conversa dando um forte abraço nagente Taylor. De lá, ele passou na casa da sogra para pegar as meninas, foram passear e aproveitar aquele domingo. Já era noite quando agente Taylor pegou aquela cruz e deu a sua pequena filha.
           
            Segunda-feira chegou e era hora de ir trabalhar, os agentes Taylor e Ucker formam uma dupla imbatível. A semana começou calma sem nenhum crime para eles.

            - Cara, esse começo de semana está parado demais. -O agente Ucker falou. -Poderíamos ir lá no Billy, tomar aquele café maravilhoso.

            - Verdade. Vamos, vamos. -O agente Taylor respondeu.

            De lá, foram para o Billy, tomar um café e comer umas rosquinhas. A semana começou muito calma, mas iria terminar um tanto conturbada. Passaram-se segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quando chegou a quinta-feira um caso para os agentes, eles teriam que prender um famoso traficante de drogas. O plano com o FBI foi formado e conseguiram prender aquele homem perigoso. Chegaram ao prédio do FBI sendo ovacionados pelo bom e rápido trabalho, o chefe deles parabenizou-os pelo trabalho genial que a dupla havia realizado.

            Para irem ao café do Billy, um famoso restaurante da cidade, eles precisam passar por perto do Banco Central, esse banco tem uma segurança boa e nunca foi assaltado, os agentes conversando falaram sobre isso. Aquela quinta-feira acabou, os agentes se despediram e foram para casa.
Jamilly Taylor
            Naquela noite a pequena Jamilly ficou sem conseguir dormir, então seu pai a pegou para dormir junto a ele e sua esposa. Uma noite calma e relaxante com aquela família junta em uma única cama. Na manhã seguinte o agente Taylor acordou feliz, fez tudo que fazia normalmente e foi trabalhar.

            - Que felicidade é essa agente Taylor? -Perguntou o agente Ucker.

            - Não sei agente Ucker, mas estou muito feliz. Vou aproveitar minha felicidade. -Falou o agente Taylor sorrindo para seu amigo. - Hoje é sexta-feira, vamos tomar aquele cafezinho?

            - Achei que não ia chamar! - Falou o agente Ucker indo em direção ao carro.

            - Ei, hoje eu dirijo. -O agente Taylor falou pegando a chave da mão do amigo.

            No caminho, eles encontraram um policial que perguntou se eles estavam indo para o Billy e pediu uma carona. Os rapazes deram uma carona para aquele policial. Quando estavam chegando ao Billy a central falou que estava acontecendo um assalto ao Banco Central.

            - Ao Banco Central? -Falaram os dois agentes ao mesmo tempo surpresos, pois haviam comentado isso alguns dias atrás.

            Foram rapidamente até o banco, chegando lá viram dois bandidos mascarados saindo correndo com uma bolsa e esbarrando em um casal que estava passando. O policial desceu do carro e ficou lá, enquanto que os agentes foram atrás daqueles bandidos.

            - Vamos nessa, irmão! -Falou o agente Taylor sorrindo.

            Começou uma perseguição para pegar aqueles bandidos, o agente Ucker falou que eram três bandidos, dois na frente e um atrás. 

            - Precisamos de reforços aqui para cercarmos esses bandidos. -O agente Ucker falou com a central.

            - Já estão a caminho agente. -A central respondeu.

            O agente Taylor não queria perde-los de vista, então estava sempre bem colado deles, aonde eles iam o agente ia atrás. Em alta velocidade eles estavam, cada vez mais perto para pôr um fim nessa perseguição. O reforço chegou, mais três viaturas com aquelas sirenes ligadas, eles estavam cercados de verdade. Nesse momento o bandido que estava na frente colocou a mão para fora do carro com uma arma e disparou quatro vezes, dois desses tiros acertaram o agente Taylor. Ele perdeu o controle do carro e bateu em um muro muito forte, os dois agentes desmaiaram na mesma hora, duas das três viaturas pararam para ajudar os agentes, a outra continuou a perseguição, mas acabou perdendo os fugitivos de vista.
           
            Os agentes foram levados em estado grave para o hospital mais próximo. Foi uma correria lá dentro. Depois de algumas horas o agente Ucker acordou.

            - Onde está o meu amigo? Onde está o Ryan? –O agente Ucker se levantou rápido.

            - Calma agente. O agente Taylor está na sala de cirurgia. Ele foi atingido por duas balas, uma no ombro e a outra na cabeça, e a batida deixou a situação mais grave ainda. Ele está em um estado muito delicado. Você quebrou o braço esquerdo no impacto. –Respondeu uma enfermeira que estava no quarto do hospital.

            O agente Ucker baixou a cabeça e silenciou. Ele ficou pensando em seu amigo e o quanto seria complicado agora. Algumas horas depois já estava perto de anoitecer, o médico que estava fazendo a cirurgia do agente Taylor sai da sala de cirurgia, nesse momento Melissa já estava no hospital e o agente Ucker estava com ela tentando acalma-la, o médico chega e fala:

            - Sinto muito! Eu tentei o máximo que pude, mas o agente Taylor não resistiu aos ferimentos. Ele acabou morrendo.

            - Não, meu Rayan, não! –Melissa falou abraçando o agente Ucker. – E agora William, ela chamou o agente Ucker pelo seu primeiro nome, o que vai ser de mim sem ele?

            - Eu, sinto muito Melissa. –O agente Ucker falou com uma lágrima rolando de seu rosto.

            A pequena Jamilly acabara de perder seu pai, Melissa acabara de perder seu marido e amigo, o agente Ucker acabara de perder seu grande companheiro e irmão, e o FBI acabara de perder um de seus maiores agentes.

            Já era noite quando o agente Ucker recebeu um cartão que se desculpava pela perda de seu companheiro, assinado apenas com um ‘C’, ele correu até a recepção, mas não viu mais ninguém, ou ninguém suspeito. Ele saiu do hospital e foi para um bar. Lá ele bebeu muito, coisa que já não fazia há mais de 10 anos, bebeu até ficar em estado crítico e teve que ser carregado pelo dono do bar, que era seu amigo, até sua casa.

Melissa Taylor
            Melissa havia acabado de chegar em casa e estava tentando explicar a sua pequenina que seu pai não iria mais voltar, quando a campainha toca, ela vai até a porta e não tem ninguém, só um buquê de rosas e um cartão pedido desculpa e falando bem seu marido, assinado apenas com a letra ‘C’, ela pegou aquele cartão e o buquê e entrou, colocou aquelas rosas na água e o cartão dentro da gaveta. Aquela seria uma das noites mais longas de sua vida.

            No dia seguinte era dia de preparar as coisas para o funeral. Os amigos de Melissa foram lá para consola-la, o agente Ucker não apareceu naquele sábado. Ele foi para o trabalho, o chefe dele deu dois dias de folga, mas o agente Ucker acabou recusando:

            - Obrigado, senhor, mas estou bem.

            - Tem certeza agente? –Disse o chefe dele

            - Sim, senhor. –O agente Ucker respondeu com convicção.


            Aquele sábado passou muito rápido, e chegou domingo, dia do velório do agente Taylor. O reverendo Smith falou naquela manhã:

            - É muito estranho como as coisas acontecem, há uma semana estávamos, Ryan e eu, conversando sobre o amor e sobre a vida. Hoje estamos em situações diferentes... -Ele silenciou por um instante e baixou à cabeça, uma lágrima rolou. -Esse homem era meu amigo e vou sentir muito sua falta, falta dos momentos bons e por que não dos momentos difíceis também? Os bons morrem antes, mas acredito que eles se vão por já terem cumprindo sua missão. Vai em paz, amigo! 

            O agente Ucker estava de lado de Melissa e enquanto aquela esposa olhava para o caixão, ele tocou no ombro dela e falou: - Eu te prometo Melissa que vou pegar os responsáveis. Eu prometo!

            Estavam lá presentes os companheiros de trabalho, do FBI; sua esposa, Melissa; sua filha, Jamilly; seu grande amigo, o agente Ucker ou simplesmente William e lá atrás em silêncio, todo de preto e com óculos escuro, estava Christian. Ele participou de toda cerimônia e foi embora para casa. 

            Ele pensava o que seria de sua vida, agora que iria se aposentar da criminalidade e o que iria acontecer com eles, pois os agentes do FBI iram fazer o máximo para pegar eles. 

            Na segunda-feira, o agente Ucker voltou ao trabalho, ele iria se dedicar ao máximo para prender os responsáveis pela morte de seu amigo. Mas como eles iriam fazer isso se não tinham nenhuma pista? Em um dado momento um dos agentes trouxe um papel dobrado e disse que estava na recepção, alguém teria deixado lá e era para o agente Ucker, nesse papel estava escrito sete nomes Christian, JC, Amanda, Martinez, Karl, Pedro e Donald.

            Quem será que entregou aquele grupo? E como a pessoa sabia sobre eles? Se só os sete sabiam desse assalto. 








Continua... 

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Busca pt. II (A escolha)

            Talvez aquele plano chegasse ao fim naquele momento. Talvez não...

            Karl meio apreensivo deu aquela bolsa para o policial e Amanda não conseguia esconder seu nervosismo. O policial pegou aquela bolsa e abriu lentamente, quando abriu, ele olhou fixamente para dentro da bolsa por alguns segundos e falou com uma cara de zangado: - O que é isto aqui? –Pegando uma bolsa de leite da marca que ele odiava. – Como vocês dão esse leite para seu bebê? Essa marca é horrível!

            Amanda e Karl se sentiram muito aliviados naquele momento e ela respondeu brincando com o policial: - Não está fácil para ninguém, não é senhor? Agora estamos um pouco atrasados, precisamos ir de verdade.

            - Sim, sim. Desculpa pelo incômodo. –O policial respondeu sorrindo para eles.

            Ufa. Naquele momento Karl e Amanda, assim como Pedro e Christian, ficaram aliviados ao extremo.

            - Vocês viram isso rapazes? –Amanda falou com Pedro e Christian pelo comunicador. – Quase que éramos pegos, mas se essa não é a bolsa, então ficou com o Donald, ele não conseguiu fazer a troca.

            - Ouvimos sim. Verdade, ele não conseguiu fazer a troca e agora todo o dinheiro está sendo perseguido pelos policias. Agora tudo está nas mãos deles três. –Pedro falou.

            No momento da troca Donald não conseguiu fazer tal ação, pelo fato dos policias terem chegado na hora, ele acabou levando todo o dinheiro para a fuga. Martinez era um dos maiores pilotos da atualidade e por isso ele era o motorista da fuga, ele teria que tirar os rapazes dessa emboscada. Eles tinham um rastreador no carro, assim Pedro e Christian podiam ver onde eles estavam.

            A perseguição estava cada vez mais perigosa. Pedro pesquisando rapidamente descobriu que aqueles policias que estavam perseguindo os rapazes eram os grandes agentes do FBI, o agente William Ucker e seu companheiro agente Ryan Taylor, eles eram os mais competentes agentes do FBI. Christian naquele momento se preocupou, eles teriam que sair dessa rapidamente ou tudo iria se complicar.

            Amanda já tinham levado o bebê para sua irmã, junto com Karl, e eles já estavam com Pedro e Christian. Os rapazes estavam cercados por policias e pelos agentes, era uma perseguição, talvez, sem um final bom. Amanda dizia que não ia dá para eles e todos os nossos esforços seriam em vão. Christian por sua vez dizia que iria da certo sim, ele acreditava nos rapazes, “eles vão conseguir”, ele repetia isso várias vezes. Amanda perguntava como ele tinha tanta certeza. Christian respondeu cautelosamente:

            - Você já teve que mudar por alguém ou alguma coisa? Você já teve que acreditar verdadeiramente em algo ou alguém para que sua vida tivesse um sentido? Eu sim. Eu precisei mudar, e mudei pra caramba! Talvez isso seja ruim. Mas não vejo assim, não sinto assim, não penso assim. Eu optei por não me importar tanto quanto antes ou pelo menos fingir não me importar, mas não é porque isso acontece que não sinto. Eu sinto, caramba! Só acredito que temos que amadurecer pra vida algum dia e sinto que isso tá acontecendo. Eu optei ainda por não chorar mais e se isso acontecer resolvi fazer escondido, na hora do banho de preferência, mas não por vergonha, e sim, por acreditar que esses momentos são meus e de mais ninguém. Gosto de fazer ouvindo uma banda brasileira chamada Legião Urbana ou o cantor britânico Hugh Laurie que me fazem refletir, me acalmam bastante. É um rock dos anos 80, é um blues atual, e soam pra mim como um hino nacional. Eu sei que vai da certo, Amanda, porque tudo no final há de valer a pena e se ainda não valeu é porque esse final ainda não chegou. Nossos esforços não serão em vão, não mesmo!

            Amanda sorriu para ele e viu seus olhos brilhando com muita esperança e ela acabou dizendo: - Sim, eu já tive que mudar por alguém e sei o que você está falando, Chris. Eu confio neles e acredito, assim como você.

            Os rapazes estavam ouvindo toda aquela conversa de Amanda e Christian. Naquele momento, JC não queria estragar o sonho de seu grande amigo e agiu por impulso, pegou aquela arma do assalto e disparou contra os agentes.

            - Não faça isso, JC!!! –Gritou Donald.

            Um, dois, três, quatro tiros e dois deles acertaram em cheio o agente Taylor que estava dirigindo aquele carro. Ele perdeu o controle do carro e bateu muito forte em uma parede. Aquela ação de JC possibilitou a Martinez uma fuga rápida deixando para trás todos que os perseguiam.

            - Mas às vezes, Amanda, aqueles por quem mudamos ou colocamos nossa fé nos decepcionam.  –Falou Christian tirando o comunicador, e indo para sua sala.

            Aquele local ficou em completo silêncio, só ouvindo Christian quebrando as coisas dentro de sua sala e gritando com raiva: - Filho da puta! Filho da puta! Filho da puta! –Ele não parava de gritar isso.

            Chegando ao ponto de troca de veículo, Martinez falou: - Cara, você está louco? Porque você fez aquilo? Eu iria dar um jeito nisso, nós iríamos sair.

            - O que você queria que eu fizesse? Eles estavam cada vez mais perto da gente. Eles iriam nos pegar e tudo iria por água abaixo. -Respondeu JC.

            Pedro falou no comunicador: - Vocês podem deixar para discutir depois e sair logo daí?

            Colocaram fogo no carro, assim como planejado, e o deixaram para trás. Então, foram até o ponto combinado. Ao chegarem lá, estava aquele clima de velório, todos estavam sem graça, sem jeito. JC chegou comemorando dizendo que eles tinham conseguido, ninguém comemorou com ele. Karl falou que Christian queria conversar com ele dentro de sua sala. Ao entrar na sala, Christian estava de costas com toda a sala quebrada e olhando sua foto com seus pais que já haviam falecido há alguns anos, vítima de uns assassinos sem escrúpulos.

            - Se eu não tivesse a cabeça no lugar, eu poderia ter virado um drogado, morar na rua ou muitas outras coisas piores. Porque cresci sem as referências de meus pais. Não vou contar essa história para você de novo, já te contei várias e várias vezes, em vários e vários jantares lá em casa com minha esposa presente. Você sabe mais que qualquer um daquela sala que isso não é certo, que isso não foi certo. Eu esperava de qualquer um, até do Pedro que nunca saiu para realizar os trabalhos externos, mas de você... Não! -Christian falou, ainda de costas, para JC. 

            - Chris, você viu que não tinha como nós sairmos daquela emboscada. Eu só queria fazer com que nosso plano desse certo. Eu queria te orgulhar, cara. –Falou JC se sentido mal por sua ação.

            - Sinto muito JC, mas você não quis me orgulhar, não desse jeito. Odeio assassinos, odeio gente que tira a vida de alguém. A vida é uma coisa que não tem preço e não tem volta. –Christian falou ainda de pé e olhando para aquele retrato.

            -Não sabemos se ele morreu. Acho que nenhum tiro pegou nele. –Confuso JC falou.

            - Aquele agente era o segundo melhor agente do FBI, ele é casado e tem uma filha de apenas dois anos. Se ele morrer, como aquela menina irá se criar sem a referência paterna, JC?

            Naquele momento alguém bate na porta da sala de Christian, era Pedro: - Christian, desculpa interromper a conversa de vocês. Já fiz as contas conseguimos roubar uma boa grana, 6 milhões de dólares, dividindo por nós 7 da pouco mais que 85 mil para cada um. E acabou de sair a notícia no jornal que o agente Taylor acabou falecendo com dois tiros que o acertam, na cabeça e no ombro, foi agravado por conta do impacto na parede. Eu sinto muito. 

            - Obrigado Pedro! –Christian agradeceu, nesse momento ele virou e olhou bem para JC. – Eu não sou assassino, nem compactuo com eles. Você cruzou uma linha que não tem mais volta, meu amigo. Vá. Pegue sua parte, até porque você fez o seu trabalho, e vá embora, a partir de hoje você não faz mais parte desse grupo.

            - Chris, eu fiz por nós. Era isso ou seriamos pegos. –Questionou JC. – Você não pode fazer isso comigo, eu sou, nós somos inseparáveis nos casos.

            - Quando trabalhava externo, eu já passei por várias situações iguais a sua ou até pior, já estive com arma apontada para mim e não matei ninguém, soube pensar em algo para sair e não fazer essa besteira. Nós temos um agente morto, por nossa causa. Uma filha sem pai. Cara, vá embora.

            - Seu merda! Eu fiz isso por nós, mas você é muito perfeitinho para reconhecer. Você acha que roubar é algo certo? Seu merda! Vá se foder!  -JC gritou muito irritado com Christian.

            JC saiu da sala pegou sua parte e saiu, não falou com ninguém. Saiu pensando, "esse merda vai me pagar". Christian saiu da sala e falou: - Não consigo mais. De verdade, não dá. Esse foi nosso último trabalho juntos. Vamos continuar com o plano até a poeira baixar, mas fiquem espertos, porque o agente Ucker não vai deixar a morte de seu companheiro assim. Talvez, quando a poeira baixar, nós voltaremos. –Ele falou isso tendo convicção de que esse era seu último trabalho, não iria mais fazer isso.

            Pegaram o dinheiro e cada um deles foram se despedindo, abraçaram uns aos outros e cada um deles foram cumprimentar Christian. Todos foram gratos por tudo. Um a um foram saindo e aquela sala foi ficando vazia. Já era noite, Christian deixou aquele dinheiro lá, apagou a luz e fechou a porta. Comprou um buquê de rosas e mandou fazer dois cartões, mandou para o hospital onde o agente Ucker estava, um desses cartões, se desculpando pela perda de seu companheiro, assinado apenas com um ‘C’. O agente foi até a recepção, mas não viu ninguém, até porque ele não sabia quem era.
            Christian, levou o outro cartão com o buquê de rosas para a senhora Taylor e deixou na porta dela, tocou a campainha e saiu. O cartão dizia:

“Vi o que aconteceu com seu marido, nós não nos conhecíamos, mas
ele parecia ser um bom homem, um bom agente, um bom marido e o mais
importante, um bom pai. Aceite essas rosas como um ato de luto e perdão.
Sinto muito!”

                                                                      C


            Ela olhou para os lados e não viu ninguém, pegou aquele cartão e aquele buquê e entrou.


            Nesse dia, Christian chegou em casa em cima da hora para o jantar, tomou um banho rápido e foi jantar com sua esposa. Ele falou que iria fazer as preces antes do jantar:

            - Nossas escolhas nos levam para caminhos, muitas vezes, que não sabemos onde vai dá, mas sempre é preciso fazemos tais escolhas para assim acertarmos nosso caminho algum dia. Senhor, que nossas escolhas sejam guiadas por Ti sempre. Por favor, abençoa nossa linda família cada dia mais. Te amo mamãe, te amo papai. Amém! 







Continua... 

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Busca pt. I (O plano)

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Por Carlos F. Jr.
        
            - Oi, meu nome é Christian Hill. Tenho 32 anos. Sou formado em direito e mestre em direito penal. Sou casado com Joanna Hill. E sou o líder do grupo que assaltou o Banco Central de New York. Todos os planejamentos, todos os contatos, todo o esquema para tal ação foram pensados e articulados por mim. Tive uma pequenina ajuda do meu grande amigo JC. Ele é um cara durão, chato, mas é meu braço direito nessa operação e um irmão para mim. Nosso grupo é composto por 7 pessoas. Eu, JC, Amanda, Donald, Pedro, Martinez e Karl. Gostou do meu discurso JC? Farei quando nós concluirmos nosso próximo trabalho. Vou falar aos jornais, televisões, internet, impressa de todo país.  

            - Uma tremenda porcaria! -Respondeu JC com cara de bravo

            - Cara, você não tem senso de humor?! -Perguntou Christian sorrindo para seu amigo

            - Não! Já você é muito engraçadinho. -JC falou irônico

            - Amanhã é nosso grande dia, cara! -Christian falou dando um abraço em JC

            - É verdade! É verdade! -JC concordou dando um tapinha nas costas de Christian

            Naquele momento Christian olhou para JC e contou-lhe uma pequena história:

            - JC, era mais ou menos 30 de abril. Eu estava na segunda semana da faculdade. Uma jovem companheira de sala chegou até a mim e pediu para passar a noite comigo. Ainda me lembro daquela doce menina de olhos claros, bem magra, loira, seu nome era Ana, eu a chamava de Anita, que é Ana no diminutivo e em espanhol. Na época eu estava investindo em outra garota e não dei bola para pobre Anita. Acabei não ficando com nenhuma das duas. Só em pensar que a linda Anita só queria praticar um pouco de porpoarismo comigo, na época nem sabia o que era isso. Depois que descobri o que era, me senti tão arrependido de não ter saído com a linda Anita. Hoje ela mora no Brasil e está muito bem feliz e casada. Ela sem dúvida foi um dos meus maiores arrependimentos.

            - E o que você quer dizer com essa história toda, Chris? -JC perguntou um tanto confuso.

            - Eu percebo como você olha para Amanda e ela o retribui com olhares sinceros. Você deveria viver o agora e aproveitar as oportunidades que a vida te dar. Não sei o que você viveu que te deixou assim, e também não quero saber. Mas eu sei que tem uma moça linda te dando muito mole. Os momentos não voltam e muitas pessoas também não. Não a deixe ir como eu fiz com a Anita, meu amigo.

            - Cara, você tirou o dia para falar besteiras. -JC respondeu baixando a cabeça e refletindo sobre o que seu amigo havia falado.


            Christian era um homem bem educado. Ele era ciente de que o que fazia era errado e por ser o líder daquele grupo não permitia violência contra as pessoas e muito menos assassinatos em seus trabalhos. Era simples, ele planejava e os companheiros executavam com sua supervisão. Sem tiros, sem agressividade, e principalmente sem mortes, ou isso, ou não ficavam no grupo. Ele sempre deixou bem claro que ele era um ladrão, não um assassino. Todos o respeitavam muito e cumpriam com o que era combinado sempre. Christian já havia realizado mais de 15 roubos em bancos e nunca foi preso ou suspeito de nada. Roubos sem solução. Joanna, sua esposa, não sabia de nada e nunca desconfiou de seu marido que sempre saia para trabalhar logo cedo e voltava antes do jantar.

            Aquele grupo iria roubar o Banco Central de New York, com um plano simples. Christian e Pedro iriam ficar comandando e dando as ordens de um lugar distante do banco, eles iriam acompanhar tudo pelas câmeras do banco e as próximas dele, Pedro é um dos maiores hackers que já existiu, ele irá invadir as redes do banco e desligar o sensor da porta giratória, assim, JC e Donald iram entrar no banco e anunciar o assalto, nesse momento Amanda e Karl estarão próximos ao banco com uma bolsa grande, idêntica ao que JC e Donald estarão, um bebê dentro de um carrinho e fingindo serem uma família. Martinez estará com o carro próximo ao banco para a fuga.

            Quando anunciarem o assalto o alarme será disparado dando a eles 4 minutos até a polícia chegar. Eles pegam o dinheiro saem, nesse momento, vão esbarrar em Amanda e Karl trocando as bolsas. JC, Donald e Martinez vão fugir com a bolsa cheia de pertences de bebê para o outro lado da cidade, levando a atenção para eles. Enquanto Amanda e Karl saem com todo o dinheiro pelo outro lado da cidade indo na direção dos policias, assim ninguém irá desconfiar. Vão sair do meio da confusão e vão se encontrar em um ponto já especificado por Christian. JC, Donald e Martinez vão deixar o carro usado no assalto em um lugar distante e vão colocar fogo, assim vai chamar a atenção de todos e dos policias, de lá pegam outro carro já estacionado e vão encontrar os outros, vão dividir o dinheiro e cada um segue seu caminho para deixar a poeira do assalto baixar. Mas tudo isso tem que ser feito antes da polícia chegar ao banco, ou seja, eles terão menos de 4 minutos.

            A quantia que eles pretendem roubar é de 10 milhões de dólares, claro que isso é muito para ser carregado em uma bolsa, mas eles pretendem por o máximo de dinheiro lá.

            Era um plano simples, como Christian sempre planejava, era por isso que sempre dava certo. O plano tava estava feito, tudo pronto, não tinha como nada da errado, a menos que...

            Enfim, chegou o dia tão esperado por todos daquele grupo, era o dia do roubo. Christian levantou mais cedo que o normal preparou o café da manhã de sua esposa, deixou um bilhete para ela dizendo que precisaria sair mais cedo, foi até o quarto lhe deu um beijo e saiu. JC levantou no horário normal, tomou um banho rápido e saiu de casa sem comer, pegou seu carro e foi ao encontro dos outros. Lá já estavam Pedro, Martinez e Amanda. JC passou pelo apartamento de Donald para lhe dar uma carona. Chegaram praticamente juntos, Christian e os rapazes. Karl, como de costume, chegou um pouco atrasado.

            - Já está tudo pronto! Hoje é o nosso grande dia. Karl e Amanda já podem ir. Martinez vá para o carro, eu já deixei o carro de fuga no ponto específico. -Christian deu as ordens. – Pedro já está tudo ok com as câmeras e os comunicadores?

            - Estou terminando aqui, Christian. -Pedro respondeu.

            Christian deu um forte abraço em seu grande amigo JC e o desejou boa sorte, e disse que tudo iria dar certo.

            - Christian já tá tudo ok. -Pedro falou em voz alta.

            Christian então disse: - Hora da festa, galera!

            JC, Donald e Matinez foram embora para o banco. Amanda e Karl já estavam próximos de lá com o bebê, que era a sobrinha de Amanda. A movimentação por lá estava normal como de costume para uma sexta-feira. Os rapazes chegaram lá, era a hora mais esperada dos últimos meses por todos eles. Martinez parou o carro em frente ao banco, JC e Donald saíram mascarados, cada um com duas armas e a bolsa. Entraram no banco e anunciaram o assalto. JC falou dentro do banco em voz alta:

            - Com licença gente, gostaria de pedir a todos que fossem para o chão e não tentassem nada de idiota. Isso é um assalto e será rápido. Obrigado! –Ele sorriu debochando.

            Nessas alturas Donald e JC já haviam rendido os vigilantes e um dos funcionários já havia disparado o alarme silencioso. Então eles só tinham agora menos de 4 minutos para fazerem tudo. Pedro falou pelo comunicador que a policia já estava a caminho e que era hora da festa. Lá dentro deu tudo certo, como planejado. Pegaram o dinheiro rapidamente e saíram, lá fora Amanda e Karl já estavam passando na frente do banco. No momento em que o alarme silencioso foi acionado, três policiais estavam passando por perto do banco naquele momento, então chegaram lá bem antes do previsto, Pedro avisou pelo comunicador que em menos de um minuto três policiais iriam chegar ao banco que eles saíssem rápido. Na saída do banco eles esbarram em Amanda e Karl, como planejado, para fazerem a troca das bolsas, nesse momento os policias chegaram, Donald pegou a bolsa rapidamente e entrou no carro junto com JC. Então começou uma perseguição, um dos três policiais que estavam perto do banco, permaneceu lá mesmo para manter as ordens, os outros dois foram atrás do carro com os suspeitos.

            Amanda e Karl já iam saindo com a bolsa e o carrinho de bebê quando o policial falou:

            - Ei, vocês aí.

            - Nós? -Karl perguntou

            -Sim, vocês!

            - Pois não policial?

            - Eu vi de longe quando estava chegando que os bandidos esbarraram em vocês, vocês estão bem? –O policial perguntou preocupado.

            - Sim, senhor. Obrigado! Mas estamos muito bem, eles nem deram bola pra gente. -Karl respondeu dando as costas e saindo de perto do policial.

            - Ei, o que tem nessa bolsa enorme? -O policial perguntou desconfiando daquela bolsa que estava com Karl.

            Amanda respondeu um pouco apreensiva: - Nós vamos passar o dia inteiro fora, seu policial, então trouxemos essa bolsa um pouco grande com as coisas do nosso bebê, ele precisa de comida, água e sem contar que ele tem suas necessidades. –Amanda sorriu para o policial nesse momento.

            Christian e Pedro estavam vendo tudo aquilo pela câmera externa do banco e ouvindo pelos comunicadores. O policial também sorriu e disse que tudo bem, mas que por procedimento precisaria ver o que tinha na bolsa. Perguntou se eles poderiam abrir. Karl olhou para Amanda sem reação alguma.
           
            O que eles poderiam fazer naquele momento? O plano iria por água abaixo.

            Então Christian se desesperou: - Caramba, fomos pegos! Ele vai abrir a bolsa e será o nosso fim... 





Continua... 

terça-feira, 19 de julho de 2016

A noite (Completo)

A noite
The night / La noche
Por Carlos F. Jr


            Robert era um cara bem carismático e um homem bem feliz com sua vida. Por onde ele passava deixava boas vibrações e fazia com que o ambiente ficasse mais positivo. Ele trabalhava em uma empresa de computação há mais de dois anos e morava com sua namorada Joanna Miller de apenas 16 anos e por quem ele tinha um amor gigantesco. Robert era bem realizado em seu trabalho e muito bem sucedido financeiramente.

            - Bom dia amor, vamos levantar que hoje é domingo e nós vamos passear um pouco. Hoje o café da manhã é por minha conta.

            Robert levantou e foi até a cozinha preparar o café da manhã deles, ovos com bacon e uma xícara de café bem quente. Naquele domingo ensolarado Robert iria levar Joanna ao shopping, era dia de compras e de se divertir um pouco, pois as semanas dele no trabalho estavam muito corridas e cansativas. Logo aquele fim de semana passou, e na segunda-feira todo aquele trabalho recomeçou.

            Robert tinha planos de ter um filho com Joanna, mas sabia que ela era muito jovem e preferiu aguardar mais uns anos. Ele cada dia tinha mais certeza de seu amor por aquela menina. Os dias naquela empresa iam passando e uma notícia chegou por lá, um novo companheiro iria chegar para fazer os trabalhos junto com Robert, pois ele estava muito sobrecarregado com os afazeres. No dia seguinte o patrão de Robert o chamou em sua sala e anunciou o esperado:

            - Robert, sei o quanto você esta sobrecarregado com o trabalho, por isso resolvi contratar uma pessoa para lhe ajudar. Ela é bem experiente no que faz e vai te ajudar muito. Assim, você não precisará resolver tudo sozinho.

            Robert agradeceu e ficou muito feliz, pois ele estava muito estressado por conta do trabalho que estava aos montes. O patrão dele falou que o mais tardar em duas semanas seu novo companheiro de trabalho chegaria. As duas semanas se passaram e em uma segunda-feira, seu novo companheiro chegou, ou melhor, sua nova companheira, era uma moça jovem, bonita, com olhos escuros e uma simpatia invejável. Ela chegou na empresa com o patrão de Robert e a secretaria do mesmo. Então um aperto de mão aconteceu.

- Olá, meu nome é Karoline Cater.

- Oi, o meu é Robert Smith.

            Aquela jovem moça logo no primeiro contato chamou muito a atenção de Robert, mas aquele rapaz não esboçou nada daquilo que se passava em sua cabeça.

            Os dias iam se passando e com eles os trabalhos aumentavam cada vez mais, mas com duas pessoas fazendo tudo não ficava carregado para ninguém. Assim, o trabalho ia muito bem, os dois tiveram um entrosamento bem legal.      

            Cada dia que passava Robert ia conhecendo mais aquela jovem menina. Ela era uma moça casada a mais de 3 anos com uma rapaz chamado John Cater, não tinha filhos e eles eram um casal bem unido, assim como Robert e Joanna. Eles eram bem conhecidos em seu bairro por serem pessoas caridosas a ponto de toda semana irem às ruas oferecerem comida, roupas e coisas que melhorassem a vida daquelas pessoas nas ruas.
            Mesmo assim, aqueles jovens companheiros de trabalho não conseguiam disfarçar seu envolvimento pessoal. Seus olhares, suas brincadeiras, sorrisos, faziam com que as outras pessoas daquela empresa falassem deles e especulassem que existia algo entre eles. Mas como não existia nada de fato, eles sempre negavam.

            Entretanto, Robert havia chamado à atenção de Karoline e Karoline de Robert, mas eles não assumiam nada. Em uma noite, o trabalho do dia inteiro foi muito, fazendo com eles ficassem até mais tarde. Naquela noite, fizeram mais do que só trabalhar. Riram, brincaram, conversaram e colocaram a limpo aquilo que eles sentiam, ou pelo menos achavam que sentiam. Mesmo estando sozinhos, nada aconteceu, pois reconheciam que seus casamentos valiam mais que uma noite de aventura.
            Alguns meses se passaram e Markus, o patrão deles, chamou os dois em sua sala.

            - Robert e Karoline esse fim de semana teremos um congresso internacional e eu queria que vocês fossem nos representar nesse congresso.

            - Mas porque  você não vai Markus? (Questionou Robert)
           
            - Não poderei ir, pois hoje irei fazer uma viagem a negócios e só vou voltar na próxima semana. Posso contar com vocês? (Respondeu Markus)

            Eles concordaram em ir nessa viagem. Robert contou a Joanna que iria nessa viagem e que por isso passaria o fim de semana fora. Karoline fez o mesmo.

            Chegou aquela sexta-feira e eles foram para o aeroporto fazer aquela viagem. O local do congresso era em uma praia bem conhecida, chegaram em 3h em seu local. Dois quartos no hotel pagos pela empresa e assim passaram a noite. No sábado, dia do congresso, Robert levantou bem cedo e foi, como de costume, se exercitar. Karoline acordou perto das 9h da manhã e foi comer. Aproveitaram aquele dia meio que distante, mas a noite chegou e foram ao congresso. Era um congresso internacional, mas particular, poucas empresas discutindo o que mais de novo existia no mercado e como cada umas delas estavam trabalhando.

            No fim daquele congresso, os dois foram conversar um pouco naquela praia tão linda. Robert notou que Karoline estava meio cabisbaixa desde que pegaram o voo. Ele perguntou a ela:

            - O que está acontecendo Karoline? Você não está bem!

            Ela então respondeu:
           
            - De fato não estou bem, mas não quero falar sobre isso. Vamos aproveitar nossa estadia nesse lugar maravilho e curti a noite.

            Ela falou isso sorrindo e tentando deixar para trás seus problemas. A noite estava caminhando muito animada, algumas doses de whisky, muita conversa, muitas verdades sendo ditas e indiretas a todo momento.

            Aquela noite junto ao mar, as ondas vinham de encontro a praia e aquele luar tão excitante. Os olhares se cruzaram e o clima ficou mais sério. Então em um dado instante os desejos que tanto suplicavam foram atendidos, um beijo aconteceu. Subiram rapidamente para um dos quartos e beijos e mais beijos. Não disseram uma palavra, só viveram aquele momento. As roupas iam sendo tiradas tão rápidas e a noite cada vez mais quente. Os suspiros em falsetes, os olhos revirando, o cabelo bagunçado de tanto ser puxado, o desejo sendo saciado e aquela noite foi tão intensa e tão prazerosa que os dois nem disfarçavam aquele sorriso maroto estampado em seus rostos. No fim, duas canecas de vinho e dois cigarros, ela vestida com sua blusa amarrotada e um silêncio profundo naquele quarto. 

            Era domingo, depois daquela noite maravilhosa, enfim, chegou o dia de voltarem para casa e para seus amores. Na viagem que durou 3h, Karoline revelou que estava passando por uma crise no casamento e que achava que não iria continuar com seu marido. Ela ainda revelou que estava apaixonada por Robert e que não foi por causa da noite, mas por esses meses de trabalho, de conversa e que cada vez estava ficando mais difícil esconder tal sentimento. Robert falou que estava muito balançado por ela também, mas que não podia estragar seu casamento assim. Ela falou que entendia a situação e que não iria forçar nada.

            Chegaram à seu destino, cada um para seu lado. Chegando em casa, Robert deu um forte abraço em Joanna e olhou bem no fundo dos olhos dela e disse que a amava. Ela retribuiu dizendo o mesmo. Sorrindo e abraçados, foram deitar e assistir um pouco, aproveitar o resto daquele domingo.

            Karoline chegou em casa, John não estava. Ela passou o domingo inteiro sozinha. Ali no sofá mesmo adormeceu. Pela manhã, já era segunda-feira, John estava no quarto, quando ela o acordou e disse que queria falar com ele. Uma briga começou naquela casa, gritos e mais gritos. Então, Karoline falou:

            - John, não estou aguentando mais. Quero ir embora. Quero me separar.

            - Como você pode fazer isso comigo, Karoline? Caramba, eu te dei tanto amor e sempre fui um cara sincero com você. Uma briga e você quer ir embora? (John fala)

            - Não é só por isso John... (Karoline fala com expressão de tristeza)

            - E o que tem mais Karoline? (John indaga)

            Ela não quis continuar com aquela briga, mas a discussão só piorava. Karoline chorava bastante e em um ato impensante falou:

            - Eu estou apaixonada por outro cara e nós ficamos nessa viagem!

            John silenciou por um instante, não falou nada sobre o que ela havia dito. Só falou:

            - Você tem razão, pode ir embora.

            Nessa manhã, Karoline chegou um pouco atrasa ao trabalho, Robert já estava lá. Karoline chegou sem falar nada, só começou a trabalhar. Em um dado momento perto do intervalo para almoço a recepcionista fala que tem um homem procurando por Robert, ele vai até a recepção e lá está John. Robert fala:

            - Pois não senhor?

            - Você que é Robert? (John pergunta)

             Robert responde dizendo que sim, naquele momento John tira uma arma e aponta para Robert. A recepcionista corre gritando, pedindo socorro, os companheiros de trabalho e Karoline vão até os dois. Ela então fala:

            - John não faça isso!

            - Como você tem coragem de de fazer isso comigo? Um cara que você mal conhece, não sabe nem de onde veio e você... (John com muita raiva fala)

      Robert pergunta o que ele estava fazendo e porque ele estava ali o ameaçando. Ela respondeu dizendo que ele sabia de tudo.  Robert ficou sem reação e baixou a cabeça. Naquele momento sem pensar, John puxa o gatilho, ali mesmo com a arma bem perto de Robert, por algum motivo a arma falha, o disparo não acontece. Em um movimento rápido Robert puxa o braço de John o imobilizando no chão e em um ato de proteção começa a esmurrar aquele rapaz, Robert estava se sentindo ameaçado e por isso não parava de da murros fortes no rosto de John, ele já estava desacordado de tantos murros e se ele continuasse John acabaria morrendo. Quando se ouve um tiro. Um silêncio se fez presente e a surpresa, Karoline havia disparado o tiro a queima roupa em Robert, ele morreu na hora. Naquela altura a polícia já havia sido chamada e tinha acabado de chegar na empresa.

            Karoline foi presa indiciada e condenada por homicídio, mas como foi em defesa de seu marido pegou uma pena de 25 anos de cadeia em regime fechado. John foi indiciado por porte ilegal de arma e por tentativa de homicídio, foi condenado nos dois e pegou 15 anos de prisão. Os crimes dos dois eram inafiançáveis.  

            Robert morreu na mesma hora do disparo sem nem ter tempo de lutar por sua vida e morto por aquela que se dizia apaixonada por ele. De fato ninguém nunca vai conhecer verdadeiramente ninguém. Joanna recebeu a notícia e ficou muito abalada, perplexa com a forma que seu namorado havia sido assassinado. Ela não ficou sabendo do caso de Robert e Karoline, para ela, ele morreu como o melhor cara do mundo. Ela demorou muitos anos para superar tal perda, criando uma barreia psicológica, deixando seu passado para trás, só assim ela conseguiu seguir, sem nunca falar sobre o que havia acontecido.

            Algumas pessoas nunca mudam, já outras, mudam o bastante para seguirem em frente! 







Título: A noite
Autor: Carlos F. Jr.
Revisão: Carlos F. Jr.
Ilustração: Carlos F. Jr.
Categoria: Romance / Drama / Ação
Local: Recife- PE
Ano: 2016