terça-feira, 7 de junho de 2016

Amanhã é outro dia, não é? (Nota)

Um ano depois da publicação do livro, Luziane publicou uma nota a cerca da historia de seus avós que ela havia escrito.


                Hoje sinto tanta falta da vovó e do vovô, eu mal vejo a tia Sol agora. Ela não sai mais de casa fica lá trancada o dia inteiro, às vezes vou lá visita-la, ela tem ótimas historias a respeito dos meus avós.
                Talvez, as pessoas tenham se apegado a perfeição que contei deles nessa história. Mas sabemos que todos somos sujeitos a erros, a brigas, a choro, sofrimento, dor, ilusão e tantas outras coisas que mal mencionei ao contar a historia deles.
                A vovó Carmelita em seu diário detalha tudo o que viveu, os mínimos detalhes estão lá. Entretanto, não poderia me prender a coisas banais com um amor tão lindo como foi o deles.
                As lágrimas ao verem seus pais separados, era uma das coisas que ela conta, ela chorava em silêncio no seu quarto para que sua mãe não visse, sempre que seu pai ia visitá-las ela guardava a esperança da volta deles, coisa que nunca aconteceu. Ela fala o quanto ficou irritada ao conhecer Vicky, pois ela era uma pessoa linda, não só por fora, mas por dentro também e que ao conhecê-la notou que o vovô Mendes nunca iria deixa-la. Ela confessa que desistiu dele ali, mas que algo mandava continuar e permanecer. Ela gostava tanto da tia Sol que não conseguia explicar, tanto que na briga delas, ela nem deu muita importância, só tem uma parte muito curta falando sobre.
                Ela fala o quanto era difícil passar tanto tempo longe do vovô Mendes nas férias e só ficava imaginando ele e Vicky juntos, uma falta de ar dava, uma raiva, uma vontade de gritar. Quando o vovô Mendes foi embora para o Brasil, ela conta que passou uma semana inteira chorando antes de dormir, ela queria sair e procurar por ele e contar o que sentia, mas já era tarde. Foram os 6 anos mais longos da vida dela. Ela conta que se sentiu balançada por um rapaz, mas não fala o nome dele, que marcaram de sair duas vezes, mas que ela não parava de pensar no vovô Mendes e desistiu.
                Ah, o reencontro, ela queria gritar, chorar, sorrir, bater nele, mas o brilho nos olhos, o gaguejar foram coisas que ela conseguia descrever, a vontade dela era segurá-lo e não largar nunca mais. As horas passaram tão rápido quando ficaram ali conversando sobre tudo e o grito interno que ela deu quando ele falou que estava solteiro. ‘...Hoje passei a tarde inteira conversando com Juan, depois de tanto tempo sem ver ele e sem falar com ele. A melhor parte de todas: ELE ESTÁ SOLTEIROOOOOOOO...’ Essa parte copiei na integra, precisei.
                Ela lembrou de Vicky ao ver a pequena Isis, mas sentiu um amor por ela tão grande que não conseguia explicar. O quanto foi estranho beijar pela primeira vez, não foi bom. Mas os outros foram ótimos. A insegurança de ver Vicky novamente depois de tanto tempo, a felicidade de ter o casamento antecipado. A parte da lua de mel, prefiro não entrar nos detalhes, até porque são meus avós. (Risos)
                Quando a bisavó e o bisavô morreram, ela não comentou, só falou ‘Hoje foi um dia triste. Não quero falar.’
                O vovô Mendes era um amor, mas era muito ignorante, fico imaginando as brigas deles, deveria ser uma confusão.

          Os detalhes são aos montes, mas preferi não da tanta importância pela grandeza desses dois. Imagina uma pessoa esperar por outra tantos anos e tudo na sua vida de casal ser só com uma única pessoa. A ponto de deixar praticamente de viver só para esperar um grande amor chegar. E se ele não chegasse? Uma paciência que eu não teria. Sou grata a ela por essa lição de vida. Sinto sua falta, mas entendo que ela estar em um lugar bem melhor com o vovô.

             



Os pais de Carmela, Maria e Paolo



      
            Os pais de Juan, Gabriela e Miguel







Colégio de Elite





Sala de aula do Colégio de Elite










   
        Vicky Real com seus 17 anos






Aquele reencontro depois de 6 anos sem se verem
Sol, Carmela e Juan




Aquele dia inesquecível no cinema. 


Os noivos, Carmela e Juan

Rafael, Celina, Diego, Pedro e Gabriela
Luziane  e Aurora 
Giovanni e Miguel
Isis, Pablo e Luna, no Brasil


Última foto de Carmela e Juan juntos


O adeus a Juan


Luziane lendo o diário de Carmela e fazendo suas
primeiras escritas de seu livro




Luziane grávida dos gêmeos.












































Eu entendo que nada dura para sempre
Só o suficiente para se tornar inesquecível!






Título: Amanhã é outro dia, não é?
Autor: Carlos F. Jr.
Revisão: Rossana Maximino / Dáfenes Rodrigues
Ilustração: Carlos F. Jr. / Rossana Maximino
Categoria: Romance / Drama
Local: Recife- PE
Ano: 2016

domingo, 5 de junho de 2016

Amanha é outro dia, não é? (Final)

                Talvez vocês estejam se perguntando como sei tanto sobre a vida de Carmela e Juan, não vivi junto toda a história de vida deles, mas alguns anos sim. Entretanto, Carmela tem um diário e o encontrei esses dias.

                Esse diário fala bem detalhado a história de amor dela e Juan, o título do diário dela é ‘Amanhã é outro dia!’. Ela explica que temos que viver dia a dia sem hesitar e sem esperar muito, porque como a mãe dela falou 'tudo tem seu tempo para acontecer, se há de acontecer'. Mas ela parou de escrever depois daquele triste dia que Juan morreu.

                Bom, da morte de Juan em diante foram minhas palavras e minha versão de toda história, até porque eu estava lá, vi tudo aquilo. E me emociono muito quando falo nisso, igual a Carmela. Eu me senti na obrigação de tomar conta dela até o fim, porque ela fez tanto por mim.

                Sou sua neta, Luziane. Depois que o vovô Mendes morreu, fiquei bem mais apegada a ela. A vovó Carmelita é uma das maiores mulheres que já viveu e meu maior orgulho, hoje ela tá ali deitadinha em silêncio e não fala mais nada, vez ou outra ela chama o nome de vovô Mendes. Isso tudo porque já fazem mais de 5 anos que ela estar com a doença de Alzheimer, nem de mim ela lembra mais. Quando encontrei o diário dela, ela já estava doente, leio para ela todo dia essa história e as vezes ela sorrir, eu fico tão feliz, acho que as vezes ela entende o que falo.





Luziane de la Rosa Mendes escreveu um livro com o diário de sua avó, chamado de “Família de la Rosa Mendes”. O livro foi um sucesso e foi traduzido em mais de quinze línguas. Dois dias depois da publicação do livro, aos 87 anos, Carmela descansou eternamente, parecia que ela só estava esperando isso. Para quem a conheceu, via o quanto Carmela era dedica naquilo que fazia, ela deixou um testamento, onde repartia por igual todos os seus bens para todos os três filhos e netos. Mas a casa dela seria exclusivamente de Luziane por toda sua dedicação. 

Sol, passou os últimos dias ao lado da sua amiga, mesmo sem Carmela lembrar dela. Depois da morte de sua amiga, Sol permaneceu o resto de seus dias, em mais parte, na sua casa, ela morreu aos 90 anos de causas naturais.


Juan e Carmela cumpriram com o prometido 'até que a morte os separe'. Provaram que o amor mesmo sendo tão lindo e tão verdadeiro não dura para sempre. Hoje, talvez, estajam juntos novamente vivendo o amor infinito, e claro, com Sol junto a eles. Alguns anos mais a frente, Luziane se casou e teve um casal de gêmeos, Carmela de la Rosa Mendes e Juan de la Rosa Mendes foram os nomes escolhidos por ela para aquelas crianças. Uma homenagem mais que merecida a esse casal fantástico.



Assim nasceu a família, de la Rosa Mendes!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Amanhã é outro, não é? pt.7

          Dois anos se foram, já era 2063, e Luziane ainda morava com seus avós, um amor sem medida aquela menininha sentia por eles. As festas de final de ano sempre eram comemoradas na linda casa de Juan e Carmela. Isso já era uma cultura para aquela família, todos iam para lá passar os dias de natal e réveillon, até Isis, Luna e Pablo viam do Brasil para isso, era uma festa muito animada. 
            Já tinha passado o natal e era dia 31 de dezembro daquele mesmo ano. Todos estavam se preparando para o réveillon, às 20h30min Juan passou mal. Foi uma correria para leva-lo ao hospital, ele sentiu uma dor muito forte no peito.
            Rafael correu e pegou o carro que estava na garagem, Aurora ainda não havia chegado, pois estava com Isis e Luna dando uma volta na cidade. Pablo estava dormindo na sua casa de Tijuana, Celina estava em sua casa se arrumando para a festa e Giovanni ainda não havia saído do trabalho. Mas seus netos e Rafaela já estavam lá. Miguel e Gabriela não deixaram Carmela ir junto, não sabiam o que podia acontecer lá, então ficaram em casa com ela. Foram para o hospital Rafael, Diego, Pedro e Luziane. Demoraram aproximadamente 20 minutos para chegar lá.

            - SOCORRO! SOCORRO! Alguém ajuda! (Luziane entrou gritando naquele hospital, com Juan sendo carregado pelos rapazes).

            Um médico saiu as pressas para ajudar, levaram Juan para dentro, em uma sala que não podiam entrar, então, eles ficaram no aguardo. Depois de alguns minutos o médico voltou, disse que Juan tinha tido um infarto agudo do miocárdio, Luziane falou que não havia entendido, então seu tio explicou:

            - Ele teve uma parada cardíaca, Luzi.

            O médico balançou a cabeça positivamente e continuou falando que conseguiu reanima-lo e que ele estava sob observação. Rafael então ligou para sua mãe e contou o que havia acontecido e que tudo estava bem, logo estariam em casa.
            Já passavam das 23h, quando Juan teve outra parada cardíaca, novamente foi uma correria de médicos e enfermeiras. Mas desta vez ele não resistiu, sua idade era muito avançada. Então Juan morreu aos 78 anos...
            Um silêncio se fez presente naquele hospital por alguns minutos!


            Até hoje, quando lembro, minhas lágrimas rolam. Era fim de ano, alegria, festa, ninguém deveria morrer neste dia. Aquele 1 de Janeiro de 2064 foi bastante cinza.
            Recordo que naquele dia 31 fomos fazer nossa última refeição do ano, era a hora do jantar, como de costume, fizemos nossa oração e o orador foi ele. Ainda me lembro de suas palavras:

            - Senhor, dai-nos força para evitar os maus pensamentos, os maus sentimentos e as más atitudes. Dai-nos coragem para ser e melhorar o que somos. Dai-nos luz e sabedoria. Amém!

            Ele permaneceu de cabeça baixa e olhos fechados por um instante e falou baixinho:

            - Prometamos nos despedir sem dizer adeus jamais.

            Era como se fosse uma despedida, e foi... 





Continua...