quinta-feira, 15 de junho de 2017

O preço de uma escolha

O preço de uma escolha

(The price of a choice / El precio de una opción)

Por Carlos F. Jr.



Capitulo I- A nova vida


Em uma noite chuvosa, Carl estava em seu quarto na Rua Macaparana, n° 85, apartamento 24, ele morava sozinho e, especialmente naquela noite, não ouvia música alguma, Carl amava ouvir Hugh Laurie durante a noite antes de sua leitura diária, um bom blues o acalmava. Mas como a chuva o encantava, ele preferiu ouvir os pingos caindo e os trovões, em uma noite bastante fria.

Nada de assistir televisão ou ver o celular, depois de alguns minutos parado em frente à janela admirando a chuva, ele resolveu se deitar para dormir. Assim como de costume, pegou um livro para ler, apagou todas as luzes do quarto, apenas o abajur do lado direito de sua cama para iluminar. A leitura estava tão boa que Carl se recusava a pegar no sono, mas aos poucos seus olhos foram fechando e ele acabou adormecendo com o livro em cima de seu peito e o abajur ainda ligado. Por conta da chuva e do frio que fazia naquela noite, ele dormiu tão bem, que nem sentiu a noite passar rapidamente.

Pela manhã, um belo sol brilhava lá fora e iluminava todo o quarto. Carl acordou com uma forte dor de cabeça e foi logo se espreguiçando, abrindo seus braços e pernas, se espojando em sua cama. Quando abriu bem os braços ele sentiu algo estranho, não era sua cama, nem seu quarto, percebera ainda que não estava só na cama, existia alguém ou alguma coisa com ele toda coberta. Um salto repentino da cama ele deu, assustado e desnorteado olhava fixamente para ver quem ou o que estava em sua cama.
Entretanto, seu salto assustado acabou acordando a pessoa que estava em sua cama, ela abriu o olho e se descobriu. Carl olhou sem entender nada.
- Beatriz? O que você faz aqui? –perguntou Carl surpreso.
Beatriz era sua melhor amiga e por quem Carl tinha um apreço enorme. Ela olhou em sua direção e sorriu. Levantou-se só de calcinha, nesse momento Carl virou-se de costas para não a ver despida, ela pegou a blusa do time de coração dele que estava próximo do abajur e vestiu. Foi até ele e deu-lhe um beijo em seu rosto.
- Bom dia meu amor, como foi sua noite? Está melhor? –perguntou Beatriz indo ao banheiro.
- Meu amor? Melhor? O que está acontecendo aqui? –pensava Carl surpreso com toda situação e sem dizer uma palavra.
            Ela saiu do banheiro e foi para cozinha preparar o café da manhã deles. Quando Beatriz saiu do quarto, Carl foi vasculhar tudo para ver se achava alguma explicação do que estaria acontecendo. Procurou na gaveta, no guarda-roupa, em cada canto do quarto, mas não achou nada que explicasse o que estava acontecendo ali, nem era seu quarto, como acharia algo?
Depois de alguns minutos Beatriz o chamou para desjejuar, ele foi até a mesa e os dois começaram a se alimentar. Enquanto eles comiam ela conversava e ria bastante, perguntando se ele estava bem, em silêncio Carl ficou.
- Você está tão calado. O que houve? –Beatriz perguntou.
- Nada, só estou um pouco apreensivo. –disfarçou Carl.
- Apreensivo com que?
- Não se preocupe, coisas minhas. Mas me diga, como foi seu dia ontem? –Carl tentou puxar algum assunto a fim de descobrir o que estava acontecendo.
- Ontem? Você está de brincadeira? –perguntou Beatriz. – Nós ficamos juntos o dia inteiro vendo filme e a noite bebemos um pouco. Você está muito estranho! –falou Beatriz com uma cara de surpresa.
- Eu sei, estava brincando com você. –falou Carl levantando da mesa. – Preciso sair para resolver umas coisas. –ele concluiu indo em direção ao quarto.
- A essa hora? –perguntou Beatriz.
- Sim, sim. É urgente, volto logo. –ele falou saindo as pressas de casa.
Carl desde criança conhecia Beatriz e mesmo eles sendo muito amigos havia nele uma vontade enorme de casar-se com ela, não por ser apaixonado, mas por serem bastante unidos e ela ser a única que o entendia e estava sempre ao seu lado, em todas as horas e situações, eram confidentes além de tudo.
Ele saiu de casa perplexo com que estava acontecendo, só queria juntar as peças e entender tudo. Ao andar pela rua, as pessoas sorriam para ele, acenavam, apertavam sua mão, queriam abraçar, tirar foto, algumas paravam suas atividades só para vê-lo passar. As coisas estavam ficando mais loucas do que antes, ele então passou em uma loja e viu um retrato seu estampando uma camisa preta na vitrine, ele foi até a loja, os funcionários estavam acabando de levantar as portas.
- Olá Carl? –um dos funcionários o cumprimentou sorrindo.
- Olá, posso ver essa camiseta? –perguntou ele apontando para a camisa da vitrine.
- Sim claro. O senhor não gostou dela? Se quiser nós a tiramos daí. –falou o funcionário.
- Não, não se preocupe. Só quero vê-la.
 Ele pegou a camisa viu o retrato de perto e no verso estava escrito CARL, O MELHOR MÚSICO DE TODOS OS TEMPOS!
- Desculpa, mas eu sou o melhor músico de todos os tempos?
O funcionário deu um gargalhada.
- Nossa como o senhor é humilde, parabéns.
Carl ficou sem graça de perguntar mais, agradeceu e se retirou.
- Primeiro foi Beatriz, agora isso, eu sou um grande músico. –pensou Carl caminhando pelas ruas da sua cidade.
Desde sua infância, Carl tinha o sonho de ser famoso e um bom músico. Ele percebeu depois de muito pensar que seus dois maiores sonhos estavam realizados, sem nenhuma explicação aparente. Ele estava casado com sua melhor amiga, a quem sempre quis ter como sua esposa e ainda era um famoso músico. Ele sorriu de felicidade e decidiu parar de entender tudo aquilo e aproveitar sua nova vida. Ele tirou bastante foto com as pessoas e sorria por nada, estava cheio de felicidade.
Depois de algumas horas, voltou para casa e foi ao encontro da sua esposa e a encheu de beijos e ela sorriu entusiasmada, ela pensava, acho que ele voltou ao normal.
Em toda aquela situação de euforia e alegria por ter realizado os dois maiores sonhos de sua vida, existia uma questão que Carl logo veio a refletir, por onde andava seus amigos Paula, Júlio e Adolf?
Paula era uma menina alegre que fazia as pessoas sorrirem, uma bela garota e que mesmo fazendo parte do grupo se sentia um tanto excluída, embora, essa exclusão não existisse de fato, mas ela sempre esteve ali com eles. Carl era apaixonado por ela desde que se conheceram e todos sabiam disto, mas ela nunca deu chance alguma para ele.
Júlio era um cara louco que tinha um coração enorme para ajudar as pessoas, era um bom amigo e que todas as horas estava disponível para o que precisasse. Carl e ele eram praticamente irmãos, se conheciam a um bom tempo e desde então não se largaram mais.
Adolf era um cara sincero que fazia um bem enorme para todos e um grande amigo também. Ele era bem mais apegado a Paula e a Beatriz, mas ainda Carl e ele se gostavam muito. Eram, assim como Júlio, praticamente irmãos.
- Beatriz, onde está o pessoal Paula, Adolf e Júlio? –ele perguntou.
Ela não respondeu. Carl ficou sem entender e mais uma vez perguntou:
- Onde está o pessoal?
- Não se faça de desentendido! –respondeu Beatriz baixando a cabeça e silenciando.
Rapidamente ela saiu e foi para o quarto, para que Carl não fizesse mais perguntas. Ele não entendeu a reação dela, mas respeitou. Alguns minutos depois ele ouviu Beatriz chorando baixinho dentro do quarto, ele preferiu não incomodá-la. Então, resolveu procurar por cada um deles.
Saiu pelas ruas daquela cidade, foi primeiramente à casa de Júlio, mas lá moravam outras pessoas e eles não sabiam quem era Júlio.
- Talvez eles nem morem mais nos mesmos lugares, ou nunca moraram aqui. Estou em outra realidade. –logo pensou Carl indo a casa de Paula.
Chegando lá, não tinha ninguém e a casa estava toda fechada e muito velha, com uma placa "Vende-se". Agora ele não tinha mais para onde ir, Júlio e Paula não estavam em suas casas, só faltava agora ir atrás de Adolf.
No caminho ele avistou uma mulher que o olhou fixamente, mas a mulher estava um pouco longe, toda suja e com três homens ao seu redor, aparentemente estava muito drogada, em meio a multidão Carl a perdeu de vista e continuou andando e se perguntando quem seria ela.
Durante o percurso até a casa de Adolf ele ficou com a impressão de que a conhecia, mas não conseguia lembrar, até mesmo porque ele não conseguiu vê-la direito por causa da distância.

Capitulo II- A descoberta


Carl foi pensando tanto nessa garota que nem percebeu que havia chagado à casa de Adolf. Ele lá do portão tocou a campainha. No mesmo momento Adolf pareceu na porta, mas não saiu, Carl se alegrou e abriu um enorme sorriso.
- Adolf! Quanto tempo. –falou Carl.
Adolf não respondeu e saiu da porta, Carl ficou sem entender, alguns minutos depois, Júlio apareceu.
- Júlio meu amigo! Que saudade, venha aqui fora. –pediu Carl.
Júlio, assim como Adolf não expressou nenhuma reação.
- O que você está fazendo aqui depois de tudo? –perguntou Júlio.
- O que você está fazendo aqui depois de tudo? Como assim? O que eu fiz? –questionou Carl. – Eu só queria ver vocês, estava com saudade. Onde está a Paula? –concluiu.
Quando ele terminou Adolf chegou perto de Júlio e abriu a porta, os dois deram uma gargalhada de deboche.
- O que o maior músico quer conosco? –perguntou Júlio com um tom de sarcasmo.
- Não, o que o maior músico de todos os tempos quer com dois gays drogados? –falou Adolf com bastante raiva. – Não foi isso que você falou há cinco anos quando foi viajar em sua primeira grande turner mundial? –concluiu ele.
Carl ficou sem palavras.
- Você esqueceu dos amigos só por causa da fama e do dinheiro. Só por isso, eu não vou te julgar, mas a culpa foi sua, toda sua e isso nunca vou perdoar. –falou Adolf apontando o dedo para Carl.
            - A culpa de que? –perguntou Carl.
            - Não se faça de desentendido. –respondeu Júlio. – E pensando bem, vá embora, não nos procure mais. –concluiu Júlio dando as costas e entrando com Adolf.
            Carl foi embora sem expressar nada, ele viu em seus olhos o quanto estavam magoados, mas ele nem sabia o que havia feito. Uma coisa chamou muito a atenção de Carl em toda a discussão, todo o tempo Adolf dizia que a culpa era dele. Culpa de que? O que ele havia feito?
            Carl voltou pensando em tudo aquilo e nada se resolvia em sua mente, pelo contrário, só complicava mais ainda. Adolf e Júlio agora eram homossexuais e odiavam Carl. Já passavam das 15h, quando ele lembrou da garota que havia visto na rua, então decidiu voltar pelo mesmo caminho, assim ele poderia vê-la de mais perto.
            Chegando perto de lá, ela não estava mais ali. Carl olhou para os lados e não a avistou, ficou um tanto decepcionado, mas continuou sua caminhada. Alguns andares acima, aquela moça passava pela janela de um dos apartamentos, Carl só deveria ter olhado para cima que iria encontrá-la, o desencontro foi inevitável.
            Chegando em casa, Beatriz já estava bem melhor, deitada no sofá e vendo televisão.
            - Precisamos conversar, agora! –Carl falou bastante sério e assustado ao mesmo tempo.
            Beatriz sentou rapidamente assustada com a reação de Carl.
            - O que houve? –perguntou Beatriz.
            - O que houve? Eu quem pergunto. O que está acontecendo aqui? Ontem eu estava no meu quarto deitado e lendo meu livro com o cair da chuva, acordo casado com você, famoso, com meus amigos distantes de mim e sem saber o porquê das coisas, estou a ponto de enlouquecer. –Carl falou quase sem respirar, ainda em pé.
            - Calma! Eu irei te explicar tudo, ou te lembrar. Agora senta e se acalma. –Beatriz falou levantado e indo até a cozinha pegar um copo de água para ele.
            Quando ela voltou, deu o copo a ele, sentou e continuou:
            - Ontem à noite estávamos aqui em casa bebendo um pouco, você acabou excedendo um pouco nas canecas de vinhos e ficou bêbado, indo ao banheiro você escorregou e bateu forte a cabeça na pia, mas nada sério, como você estava bêbado tive que te ajudar a tomar um banho e te levar para cama, você apagou rapidamente. Por isso você não lembra de nada e ta complicando tudo, acho que logo, logo tudo volta ao normal. –explicou Beatriz.
            - Eu não quero esperar, eu fui atrás de Paula, Adolf e Júlio e tudo estava estranho. –falou Carl meio sem jeito.
            - Você fez o que? –perguntou Beatriz irritada.
            - Eu te perguntei e você não me respondeu. O que queria que eu fizesse? –falou Carl alterando a voz.
            Beatriz ficou calada​.
            - Você poderia me explicar o que houve com eles? O que eu fiz? –Carl pediu se acalmando mais.
            Ela permaneceu calada por uns segundos olhado para ele, então ficou em pé.
            - Tá bom, Vou refrescar sua memória. Preparado para um choque de realidade? –perguntou Beatriz.
            Carl apenas balançou a cabeça.
            - Há algum tempo atrás quando nós casamos, éramos ainda aquele velho quinteto de sempre. Unidos, irmãos, sempre fazendo as nossas bagunças e loucuras juntos, mas os anos foram passando e acabamos nos afastando um pouco. Você se tornou conhecido como músico, escritor e compositor. Anos à frente Júlio e Adolf assumiram seu namoro, posteriormente foram morar juntos, só que você nunca aceitou eles, queria nem olhar para os dois. Em um dado momento, eles precisaram de uma ajuda sua para comprar um medicamento bastante caro para a mãe de Adolf, eles não tinham condições de comprar, porque estavam desempregados na época, você acabou se recusando a ajudar, por eles serem homossexuais e estarem se drogando às escondidas. –Beatriz falou, silenciou um pouco e baixou a cabeça. - Você foi tão grosso com eles e deselegante que desse dia em diante eles nunca mais falaram conosco, a mãe de Adolf acabou morrendo por falta desse medicamento que você se recusou comprar. Desse dia em diante Adolf culpa você pela morte de sua mãe. Ainda lembro aquele dia, você gritando com tanto ódio, expulsando-os com gritos como se fossem cachorros, os chamando de drogados e gays. Foi terrível! –concluiu ela.
            - Eu? –perguntou um tanto desnorteado. - Eu não... –Carl baixou a cabeça e não conseguiu falar nada.
Ele ficou perplexo com tudo o que havia feito, para ele, era difícil acreditar.
            - E Paula? –depois de alguns minutos em silêncio total, ele perguntou baixinho.
- Paula. Ela viajou, passou alguns anos fora do país e quando voltou era uma pessoa totalmente diferente. Ela se tornou uma prostituta, viciada. Desde que ela voltou só vinha aqui em casa para pedir dinheiro e assim se drogar, às vezes, eu tentava ir a casa dela para conversar e tentar ajudá-la, mas sempre apareciam homens lá para fazer programa e você me proibiu de ir lá por conta disso. Não queria sua esposa com uma prostituta miserável. –respondeu Beatriz. – O ponto que ela trabalha é perto da casa dela, em frente da antiga escola de música. –concluiu.
Justamente onde Carl passou indo a casa de Adolf e onde viu aquela moça, ali ele percebeu que ela era Paula. Beatriz não estava feliz com sua vida, ela não tinha mais ninguém consigo a não ser Carl. O brilho em seus olhos não eram os mesmo de antes, uma tristeza tomava conta de si, ela demonstrava que estava ali só por obrigação.
            Uma vida dos sonhos para Carl e para seus amigos um pesadelo. Antes de dormir, em sua outra vida, todos do grupo sabiam que Carl era apaixonado por Paula e sabiam o tanto que ele se preocupava com ela.
            Ele falou com Adolf, Júlio e Beatriz, conseguiu ver em cada um suas magoas e infelicidades, mas Paula não, ele não tinha encontrado com ela ainda. Queria ver com seus próprios olho o que ela havia se tornado, para ele era difícil acreditar que Paula agora era uma prostituta.
            Beatriz depois da conversa foi tomar um banho, Carl ficou sentado em silêncio pensando em tudo o que havia escutado. Alguns minutos depois o telefone toca.
            - Alô! –atendeu Carl.
            - Alô, Carl?
            - Sim, quem fala?
            - Aqui é França.
            - Quem é França?
            - Você está de brincadeira? Não tenho tempo para isso. Preste atenção, fomos convidados para fazer um concerto hoje a noite, as 22h, algo simples, acabei de fechar um cachê recheado. Você vai tocar só alguns minutos, 30 minutos para ser mais exato. Tudo bem?
            - Sim, claro.
            - Ok, até a noite. –falou França desligando o telefone.
            Carl esperou Beatriz sair do banho e perguntou quem era França. Ela explicou dizendo que era seu empresário e o braço direito dele. Ele notou que tinha um show para fazer naquela mesma noite, mas como tocar sem nem saber o que? Nessa nova vida, ele era avisado dos shows horas ou minutos antes, como ele já estava há algum tempo com sua Turner, era fácil tocar o de sempre, sem precisar de ensaios.
            Mas para Carl nada daquilo era importante, só o que Beatriz tinha contado. Ele estava pensando em seus amigos e era isso que mais importava. Tinha que fazer uma escolha dura, continuar com seus sonhos e deixar seus amigos em situações desfavoráveis ou abrir mão de tudo.
Mesmo com tudo, Carl não sabia fazer as coisas voltarem ao normal, até porque ele nem sabia como tinha chegado ali. Ele pediu a Beatriz o endereço de Paula, disse que tinha esquecido e queria conversar com ela. Beatriz deu o endereço, Rua Macaparana, n° 85, apartamento 24. O endereço era onde ele morava antes de tudo isso.

Capitulo III- O encontro com Paula


Já estava próximo à hora do concerto na sua cidade, faltavam umas 2h mais ou menos. Ele se preparou, falou a Beatriz que ia na frente, pois precisaria resolver alguns assuntos e que ela fosse depois, lá iriam se encontrar, Beatriz o acompanhava em todos os seus eventos. Então, ele saiu. Nem estava se importando com esse concerto.
Antes de ir ao seu concerto, foi ver Paula, ele precisava disso. Chegando ao prédio, ele subiu até o apartamento dela, chamou umas duas vezes, mas sem resposta. Ela poderia não estar em casa, pensou ele.
No entanto, o som estava ligado baixinho, Chandelier da Sia, era a canção que estava tocando naquele momento, ele chamou mais uma vez e outra vez sem sucesso, ele resolveu arrombar a porta para ver se ela estava lá, se ela estava bem. Dois chutes foram o suficiente para o ferrolho da porta quebrar e ele poder entrar.
A vizinha de Paula viu um homem arrombando a casa e logo chamou a polícia. Ele entrou lentamente e chamando por Paula, passou pela sala, pelo primeiro quarto, não viu ninguém, mas percebeu que o apartamento estava uma bagunça, cheio de roupa no chão, papel por todos os lugares, preservativos abertos e fechados jogados por todos os cantos, bebidas aos montes.
Chegando mais dentro, na cozinha, uma surpresa, ele viu Paula no chão, aparentemente desmaiada em decúbito ventral, com várias seringas e frascos de droga ao seu redor. Ele se desesperou e foi tentar ajudá-la, gritou por seu nome, balançando-a e quando virou sei corpo, viu que seus olhos estavam abertos e ela não respirava, sua boca estava cheia de espuma.
- Paula! Paula! Paula! Paula! –gritava Carl sem nenhuma resposta dela.
Ele percebeu ali que ela tinha tido uma overdose e não estava mais viva... Carl chorou abraçado com o corpo de Paula e ligou para a ambulância, ainda meio desnorteado sem acreditar naquilo, ele saiu do apartamento dela chorando bastante e foi para rua. Em um instante começou a chover bastante.
- Eu quero voltar, eu quero voltar, eu quero voltar!!!! –Ele gritava desesperado na chuva.

Capitulo IV- O despertar


Querer voltar e voltar eram coisas totalmente diferentes. Carl só queria dizer a Paula tudo o que sentia e pensava, mas nunca teve essa coragem.

- E se eu não tivesse me afastado dela? E se eu tivesse dito tudo o que sentia? Ela poderia estar viva, ela poderia não ter feito as escolhas que a levaram a isso. A culpa é minha! –pensava Carl desolado e querendo não acreditar no que havia acontecido com ela.

Mas no final, ela de fato havia morrido. As lágrimas de Carl eram sinceras e verdadeiras, todavia, lágrimas não poderiam mudar os fatos, nem as escolhas.

Enquanto isso, Adolf e Júlio estavam roubando uma loja ali perto, eles não conseguiam controlar o vicio e não tinha dinheiro. A viatura que estava indo a casa de Paula passou na mesma hora e viu os dois cometendo os crimes, foi uma prisão rápida. Os policiais colocaram os dois algemados dentro da viatura e continuaram para a ocorrência.
Aquela chuva ficava cada vez mais forte. A morte de Paula foi, talvez, a peça fundamental para ele querer de verdade voltar, ele não queria estar longe dos amigos, ele não queria que eles fossem drogados, ele não queria que eles vivessem daquela maneira, ele não queria mais viver aquela vida que não era dele, ele não queria perder Paula, não daquela maneira. Mas como fazer para voltar? Ele nem sabia como tinha chegado ali, imagina como sair! Com uma vontade incessante de voltar, mas sem saber como, Carl se ver sem saída.

Neste instante ele estava desesperado na calçada em frente ao prédio onde Paula morava, chovia bastante igual o dia em que ele lia seu livro no quarto, Beatriz estava indo ao concerto apressada, pois já estava próximo de começar e ela havia se atrasado um pouco.

Naquela mesma rua a viatura já havia chegado e Beatriz estava vindo, por causa da velocidade e da forte chuva ela perdeu o controle do carro e quase batia na viatura, mas ela conseguiu desviar e acabou invadindo a calçada onde Carl estava, o atingindo em cheio. Ele não chegou a ver o carro, só uma luz bastante forte. Um grito se ouviu naquele instante, Adolf e Júlio viram tudo de longe.

Então, Carl se acordou assustado com a luz do sol invadindo seu quarto pela janela e batendo em seu rosto. Ele foi se acalmando aos poucos, quando percebeu que estava novamente em seu apartamento, sozinho e com o livro em cima da cama, o título daquele livro era ‘Sonho, o peso das realizações’.  Ele notou que tudo não passara de um mero sonho ou um terrível pesadelo...



Epílogo


Depois do sonho, Carl se viu mais apegado a todos os seus amigos, as conversas, sorrisos, brincadeiras, até mesmo, as brigas eram mais intensas, ele decidiu viver tudo com eles mais intenso, um dia após o outro. Ele não contou a seus amigos sobre aquela noite, guardou como um segredo. Ainda no mesmo ano, Júlio e Beatriz assumiram um romance um tanto inusitado, pois ninguém do grupo esperava. Acabou durando alguns anos e terminaram.

Muitos anos se passaram e Carl já havia esquecido da noite e de seu sonho maluco. A vida por si só, fez com que eles se afastassem para que cada um seguisse seus sonhos e ideais, mas as circunstâncias dessa louca vida acabaram por fazer com que ele se lembrasse de sua noite.  Da forma mais natural possível, aquele sonho foi aos poucos se tornando verdade, claro que, nem tudo foi perfeitamente igual, mas a maneira como tudo ocorreu encontraram-se como em um encaixe perfeito de vidas.

Mesmo tendo um pequeno romance com Beatriz, Júlio se assumiu homossexual mais tarde, entretanto, manteve uma maravilhosa relação com todos os seus amigos, inclusive Carl, eles ficaram bem mais unidos depois dos anos. Costumam dizer que são e serão sempre melhores amigos.

Adolf da mesma maneira, buscou coragem mais tarde, assim como Júlio, e também se assumiu homossexual. Sua mãe não teve nenhuma doença mortal e eles vivem juntos até hoje. Uma relação maravilhosa entre filho e mãe. Continua com a velha amizade com o grupo, tentando sempre fortalecer os laços em cada reencontro.

Paula, a doce Paula de fato, acabou se afastando do grupo depois dos anos, matem um contato raro com o pessoal, a boa notícia é que ela não se tornou prostituta, muito menos drogada. Busca cada vez mais a realização profissional e realizar seus sonhos um a um sem hesitar. Acabou casando e está vivendo esta vida tão curta, tão efêmera, tão dura e ao mesmo tempo tão feliz.

Beatriz foi sempre a mesma pessoa contente, entusiasmada e a amizade com Carl só fez crescer cada vez mais, assim como com Adolf e Júlio. Estuda bastante e tem sonhos a realizar, sem pressa, mas sempre em frente, pois não há tempo para perder. Mesmo sem Paula, ainda continuam se encontrando e relembrando os velhos e bons tempos com boas gargalhadas.

Carl aos poucos foi conquistando seu espaço como músico, escritor e compositor. Ainda não é ‘o maior de todos os tempos’, mas com suor e trabalho pode chegar lá, com certeza. Vive sua vida ainda naquele apartamento de sempre, onde pertenceu a Paula em seu louco sonho. Lá na Rua Macaparana, n° 85, apartamento 24.

Esses acontecimentos acabaram por lembrar a Carl seu sonho, sua noite. Ele estava sentado ao lado da Igreja daquela cidade, lembrando dos seus amigos, pensando nos acontecidos e no sonho, ele se perguntava como as coisas tinham acontecido assim, Júlio e Adolf realmente viraram homossexuais; Paula se afastou; Beatriz ficou e ainda está junto a todos. Então ele sorriu, sozinho, olhando o céu bastante estrelado na cidade que ele tanto amava, feliz pelas cosias ruins não terem acontecido, mas um tanto angustiado pela distância de Paula do grupo. Ele entende sua ausência e fica feliz por suas realizações.

Então, Beatriz chegou, ele a olhou bem fixamente e lá no fundo dos olhos dela um brilho diferente aconteceu. Aquele olhar de tristeza não existia, mas sim, um olhar vivo e feliz. Foi ali que ele descobriu que era Beatriz, que era ela de verdade, a pessoa que ia estar ao seu lado para sempre, ou que pelo menos era o que ele queria.

-Por que você está olhando tanto para mim? –perguntou Beatriz.

- Nada! –respondeu Carl dando um largo sorriso.

Ele a abraçou, como de costume, e foram andando juntos sorrindo e conversando. Mal sabiam que tempos à frente iriam formar uma bela família.





Fim!





Título: O preço de uma escolha
Autor: Carlos F. Jr.
Ilustração: Carlos F. Jr.
Epílogo: Carlos F. Jr. / Rossana Maximino
Categoria: Drama
Local: Recife-PE
Ano: 2016

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Busca II pt. XVI (O fim)

Busca II

            O caos estava instalado naquele presídio abandonado. Dentro estavam John e seus capangas e fora Christian e todo o restante. A vontade de Christian era entrar de uma vez e pegar John pelo pescoço e levar para fora e entregar a seus amigos. Mas as coisas não funcionavam assim, ninguém tomava iniciativa, só estavam estudando seus oponentes naquele momento. Lá fora estava bastante frio, mas todos permaneciam de pé em frente ao presídio. Estava perto de começar a guerra. Wiliam foi para trás e fez uma ligação rápida e voltou para seu posto.

            Karoline e Mylena estavam colocando o papo em dia e sorrindo bastante, elas pareciam as mesmas irmãs da infância. O tempo todo Karoline perguntava por Amanda, ela queria conhecer sua outra irmã, estava ansiosa. Mas com Mylena as coisas estavam andando bem. Já era tarde da noite e o médico pediu para elas descansarem, era necessário. Mylena sentou na cadeira ao lado dela e foi tentar dormir.

            No presídio ninguém tomava uma iniciativa, quando John gritou lá de dentro.

            - Hora da festa!

            Nesse momento, três capangas que estavam fora começaram a atirar e partir para cima de todos, mas como o presídio já estava cercado pelos capangas de Harry não foi difícil matar aqueles três. Harry olhou para todos ali e disse:

            - É uma satisfação ajudar vocês nesse momento, talvez seja nosso último encontro. Vamos!!!! –gritou Harry.

            Todos os seus capangas correram para o presídio, assim como, Christian e todos os outros. Era hora de pegar John de qualquer jeito. Tentaram fechar a porta do presídio, mas os capangas Harry foram mais rápidos e não deixaram eles fecharem, mataram aqueles que estavam na porta. Era uma verdadeira guerra, muito sangue e bala, para todos os lados.

            Uns sete capangas de Harry estavam à frente correndo, quando John jogou três granadas.

            - Cuidado!!! –gritou um deles.

            Mas já era tarde, as granadas explodiram e mataram os sete de uma vez só, Christian se abaixou e cobriu Amanda, Harry não queria perder nenhum de seus homens e ficou mais irritado ainda, Priscila e Wiliam se jogaram no chão e Donald ficou atrás de um pilaste. Nessas alturas já haviam morrido vários homens de John e os sete de Harry.

            - Hora de começar a festa de verdade! –falou John ordenando a colocar o plano deles em ação.

            O plano era fechar todas as saídas dentro do presídio, apagar as luzes e deixar alguns caminhos para eles seguirem, mas quando saíssem por esses caminhos, John e seus capangas estariam lá e matariam todos que saíssem. E foi isso que fizeram, apagaram todas as luzes e deixaram algumas luzes de emergências para eles seguirem, só que não seria algo pacífico. 

            - O que houve? –perguntou Donald.

            - Faltou energia? –perguntou Amanda.

            - Não, eles desligaram as luzes. Fiquem juntos e atentos. –Harry ordenou.

            Não tinha como saírem com calma, pois John ordenou a uns outros capangas que fossem onde estavam e começasse a matar todos com facas e com porradas. Os capangas de Harry que estavam mais atrás, começaram a gritar.

            - Corram... Estão aqui para nos matar. Corram.

         Todos ficaram loucos e começaram a correr, existiam quatro saídas e nesse momento meio que sem querer todos eles se separam.  Harry e Christan foram para uma; Wiliam para outra; Priscila e Donald para outra e Amanda para a última.

          Quando Harry e Christian saíram as luzes voltaram, estavam lá os capangas de John armados e começaram a atirar, todos capangas de Harry que foram com eles dois morreram naquela hora, mas Harry pegou uma das armas e matou os atiradores, gastou toda a munição com eles. Foram caminhando com cautela, para não serem surpreendidos por alguém perigoso.

            - Temos que encontrar os outros, Harry.

            - Eu sei, eu sei, vamos encontrar, mas primeiro temos que focar em sobreviver.

            Nesse momento três caras apareceram, desarmados.

           - Vamos fazer com que vocês sofram bastante antes de morrer. –um deles falou.

            - Eu não sou de brigar. –Harry falou.

            - Nesse caso, pode deixar comigo. –falou Christian.

            Eram três contra um, mas esse um, era Christian. Começaram a lutar. Em outra saída estava Wiliam e alguns dos capangas de Harry, lá ninguém estava aguardando, então eles foram caminhando com calma e a procura dos demais. Mais a frente alguns capangas de John os esperavam e Raphael estava junto a eles.

            - Aqui é o fim de vocês. –disse Raphael.

            - Quem disse? –ironizou Wiliam.

            - Você é um tira muito corajoso, não acha?

           - Não, não acho. Você quem tá dizendo. Mas vamos ficar conversando até que hora?

            - Perdoe-me! –falou Raphael pegando a arma e apontando para eles.

            Wiliam e os demais fizeram o mesmo.

           - Então vamos começar a atirar para todos os lados e que sobreviva o mais sortudo? –perguntou Wiliam.

            - Pode ser! Dizem que sou muito sortudo. Mas que não seja o sortudo e sim o mais forte. -falou Raphael.

            - Então vamos testar essa sorte agora. E ver quem é o mais forte. –finalizou Wiliam atirando em direção a Raphael e os outros.

            Começou ali um tiroteio, onde muitos estavam morrendo e ficando ferido. Donald e Priscila antes mesmo de saírem e de ligarem as luzes já foram recebidos aos tiros. Eles se abaixaram, assim como os capangas de Harry que estavam com eles, quando a munição dos capangas de John acabou, era hora deles revidarem, Priscila empunhada de uma arma começou a atirar e aqueles que estavam com eles também, Donald ficou para trás, quando terminaram de matar os homens que atiraram neles, John estava lá esperando por eles mais a frente.

            - Não quero nem falar com você seu monstro. –falou Priscila.

            - Sou monstro por matar seus amigos e você é o que mesmo? –ironizou John.

            Priscila não respondeu, Donald veio lá de trás.

            - Hora, hora, hora Donald. Você ainda está aqui? Pensei que já havia morrido.

            - John, se entregue logo e vamos acabar com isso. –falou Donald.

            - Logo agora que a brincadeira está ficando boa? Não!

            Quando John terminou de falar apareceram mais de dez homens atrás dele apontando a arma para eles, assim como Wiliam e Raphael, ficaram todos apontando as armas uns para os outros.

            Amanda foi à única que ficou totalmente sozinha, quando ela saiu estavam mais de cinco homens e Aleph apontando as armas para ela, não atiraram.

            - Ainda não sei por que, mas John pediu para não matar você. –falou Aleph.

            Amanda não sabia o que fazer, nem falar, ela não tinha nem para onde ir.

            - Pode me acompanhar? –perguntou Aleph.

            Ela não respondeu só foi com ele.

         - Vocês fiquem aqui, se mais alguém passar por essa porta, pode matar. Qualquer um. –ordenou Aleph.

            Foram então, até onde John estava. Christian ainda estava lutando com aqueles três homens e era uma luta árdua. Mas depois de alguns minutos ele conseguiu nocautear todos eles, foram tentar achar os demais. As balas de Raphael e Wiliam já haviam acabado, então começaram ali uma luta corporal bastante violenta. Priscila, Donald e os outros estavam em um saia justa naquele momento, mas John pediu para todos ali se acalmarem e baixarem as armas. Isso foi o que aconteceu.

            Raphael e Wiliam lutaram arduamente, no fim daquela luta, Raphael estava no chão bastante ferido e Wiliam em pé, mas também muito ferido. Raphael não iria se render, mas as coisas estavam difíceis para ele. Nessa altura, a policia já havia chegado ao presídio e estavam invadindo. Antes de entrarem, Wiliam havia feito uma ligação para seu chefe e contado sua localização. Praticamente todas as viaturas foram mandadas  ao local.

            - A polícia está chegando, eu preciso prosseguir, você pode ficar e esperar eles ou fugir, a escolha é sua. –Wiliam falou deixando Raphael no chão e seguindo atrás de seus amigos.

            Raphael não pensou duas vezes, foi para fora do presídio no intuito de fugir. Mas antes dele fugir a policia já estava lá fora e o rendeu. Ele foi o primeiro a ser pego. A polícia já havia cercado o local, os capangas de Harry que ficaram fora do presídio já tinham fugido também. A polícia estava entrando e tomando conta do local aos poucos.

            Christian foi alguns passos a frente procurando os outros, quando ele entrou em uma sala, lá estava um homem que era um dos capangas de John, ele tinha uma arma e apontou para Christian, quando Harry chegou e o segurou.

            - Corre Christian.

            - Mas Harry...

            - Vá logo, vá logo! Você precisa encontrar os outros, eu vou logo atrás de você.

            Christian correu, saiu daquela sala. O que eles não sabiam era que aquele capanga tinha dois explosivos, quando Christian estava correndo para fora, ouviu uma explosão. Ele olhou para trás e só viu a fumaça saindo da sala onde Harry estava.

            - Harry... Não! –falou Christian baixando a cabeça.

             Mas ele tinha que continuar, precisava encontrar os demais. John recebeu uma ligação, era um de seus capangas avisando a situação, disse que a polícia estava invadindo o local. Priscila estava com muita raiva de John, sem nem pensar, apontou rapidamente a arma para ele, ela só tinha uma bala, e era hora de vingar a morte do seu amor, ela não pensou duas vezes e puxou o gatilho, a bala iria direto para a cabeça dele, em uma velocidade surpreendente Aleph estava chegando e se jogou na frente de seu amigo, à bala o acertou em cheio, matando-o na mesma hora. 

        Naquele momento Amanda correu para junto de Donald, e Christian e Wiliam chegaram lá, na mesma hora, sem contar que uns vinte capangas de Harry também. John ficou paralisado, com os olhos arregalados, ele percebeu ali que sua guerra havia acabado, ele havia perdido, não tinha mais o que fazer, então correu para o carro de fuga que já havia deixado, e fugiu. Wiliam ia correr atrás dele quando Christian colocou a mão e o impediu.

            - Não, não vá! Wiliam, meu amigo, cuide de Amanda! Por mim! –falou Christian olhando nos olhos de Wiliam.

            Ele apenas balançou a cabeça. Christian imediatamente correu atrás de John, seus capangas também viram sua derrota e abaixaram as armas e se entregaram.  Christian correu e pegou outro carro que estava ali, quando ele ia da partida, Donald abriu a porta e foi junto. Ele só olhou e sorriu. Começaram uma perseguição alucinada. Tudo contribuía para John ser pego, o carro que ele pegou não tinha sido abastecido, ele só conseguiu andar por alguns quilômetros quando seu carro parou.

            Christian parou o seu carro e desceu, John parou o carro, desceu e correu, ele não queria ser pego. Christian e Donald foram atrás dele. As coisas não estavam contribuindo mesmo para John, o local que param estava muito escuro, era uma espécie de galpão abandonado, mas bastante grande e mais a frente tinha um buraco enorme, pois o local tinha passado por uma reforma inacabada. John correu e foi parar nesse buraco, ficou pendurado quase caindo.

            - Socorro! Socorro! –gritava John.

            Donald foi o primeiro a chegar, se jogou no chão e deu a mão para ajudar, mas John era pesado, Christian chegou e ficou parado olhando.

            - Ajuda, Christian. Ele vai cair, se ele cair ele vai morrer. –falou Donald.

            Nesse momento Christian lembrou de Pedro e Joanna e continuou parado, ele não queria ajudar e não tinha vontade de ver John vivo. Donald não estava conseguindo segurar mais, quando John escorregou, mas antes de cair, Christian se jogou rapidamente ao chão e segurou firme a mão dele, Donald e Christian o puxaram de volta para cima.

            Em um momento passou várias vezes pela cabeça de Christian empurrar John para baixo, mas ela não fazia essas coisas. Deu um soco bem forte nele e o levaram novamente para o presídio. Lá, Wiliam havia pedido para todos os capangas de Harry fugirem por causa da polícia, todos se perguntavam onde Harry estava.

            Quando Christian e Donald chegaram lá, entregaram John para a polícia.

            - Como você está? –perguntou Amanda abraçando Christian.

            - Estou bem.

            - Onde está o Harry? –perguntou Wiliam.

         - Eu sinto muito, ele se sacrificou para me ajudar. –falou Christian baixando a cabeça.

            Priscila não falou nada, mas estava com a cara fechada, com raiva.

            - O que houve Priscila? –perguntou Christian.

            - Nada, não se preocupe. –falou dando as costas e indo embora.

            Ela estava com raiva, pois queria que John pagasse com a vida, seria a vida de Pedro pela dele. Assim, terminaram a missão. Alguns minutos depois Wiliam foi embora, Christian, Amanda e Donald também. A policia e o FBI estavam fazendo seu trabalho, encontraram o dinheiro roubado do carro-forte, só estava faltando alguns trocados, mas nada demais.

            Donald foi para sua casa, Amanda foi até a casa de Mylena e Christian finalmente foi em busca de sua filha. A vizinha de Mylena contou o que havia acontecido a Amanda, ela foi correndo até o hospital. Chegando lá, ela viu Karoline, ela achava que sua irmã havia morrido, mas ela estava ali. Quando Karoline olhou para Amanda, ela sentiu um peso na consciência e uma lágrima rolou, Amanda foi até lá e deu um beijo em sua testa, nesse momento ela estava perdoando, verdadeiramente, sua irmã por tudo.

            - Eu te amo minha irmã. –falou Amanda com o olhou cheio de lágrima.

            Mylena contou tudo para Amanda, ficaram conversando as três irmãs depois de tanto tempo. Christian chegou até a casa da vizinha de Joanna, ela abriu a porta e olhou para ele, não falaram nada. Ela pegou a menina, antes de entregar a ele, Christian caiu em lágrimas, chorava como se fosse uma criança.

            - Agora, ela é sua. Sua responsabilidade. Sei que ela está em boas mãos. Estarei aqui, para o que precisar. –falou a vizinha entregando a pequena Sophia para Christian.

          Aleph havia morrido em combate, Raphael e John haviam sido presos, mas acabaram sendo assassinados na primeira semana no presídio, mas não tinha nenhuma ligação os crimes deles. Raphael foi morto em uma briga com presidiários e John apareceu morto no banheiro do presídio, por coincidência naquele mesmo dia todas as câmeras do presídio tinham sido desligadas por um ‘problema’ misterioso, mais surpreendente foi que no dia da morte de John, Priscila tinha ido fazer uma vistoria no local, vistoria não oficial, já que não foi ordenada por seu chefe. Mas não tem como provar nada disso.

            Christian ficou sabendo da morte de John, mas ele não sentiu muito, depois de tudo não tinha como. Donald ainda ficou um pouco balançado, mas superou rapidamente.

            Alguns dias se passaram, era 24 de novembro daquele mesmo ano, dia de ação de graças, estavam todos reunidos na casa de Mylena para comemorar esse dia tão especial. Christian com sua Sophia, as irmãs, Amanda, Mylena e Karoline, estavam todos juntos celebrando esse dia com muita felicidade, assim como Mylena havia desejado.

            O agente Ucker, ou simplesmente, Wiliam Ucker passou o dia de ação de graças com Melissa e Jamilly Taylor, ele sempre frequentou a casa delas, sempre cuidou delas, era como se fosse sua família. E porque não? Poderia se tornar, quem sabe?

            A agente Walker passou esse dia em casa sozinha de calcinha e sutiã tomando um uísque em seu apartamento vendo a neve cair e com o aquecedor ligado. Ela nunca foi apegada a esses momentos de final de ano. Donald passou com sua família, já fazia muito tempo que eles não ficavam juntos.

            Assim acabou aquele ano, ano que começou tão perturbado e tão cheio de violência, terminou todos cheios de amor e com a sensação de dever cumprido. O ano acabou em paz. Amanda e Christian estavam formando sua família com Sophia; Mylena dedicou seus dias a cuidar de sua irmã Karoline; o agente Ucker ficou cada vez mais próximo da família Taylor; Donald ficou com sua família matando a saudade; e a agente Walker estava se tornando cada vez mais, uma das melhores agentes do FBI.

            Depois de seis meses desde aqueles acontecimentos, em uma manhã cheia de sol lá fora, Karoline acordou e meio sem notar conseguiu mexer um pouquinho seu pé.

            - Mylena, Mylena... Eu consegui mexer o pé. –gritou Karoline de felicidade. Agora sim, começou seu recomeço de verdade. Ela merecia outra chance, todos merecem uma outra chance verdadeiramente.

            Alguns anos depois, Donald resolveu ir em busca de novos horizontes e se mudou para o Canadá, onde conheceu Rebeka, que seria mais a frente sua esposa e mãe de seus filhos. O agente Ucker resolveu que era hora de deixar as ruas e ir trabalhar no escritório do FBI, mais a frente acabou assumindo seu relacionamento com Melissa Taylor. A agente Walker ficou um pouco distante depois daquele ano turbulento e pediu dispensa do FBI, ela se tornou uma escritora em ascensão. Amanda acabou descobrindo sua gravidez e Christian a pediu em casamento, foi um dia lindo. Já viria seu primeiro filhinho, Harry Johnson Hill, em homenagem ao seu amigo que se sacrificou por ele.


            Assim, aquela busca cheia de romance, drama, suspense e ação chegou ao fim... Ou talvez não... 



FIM


Título: Busca II
Autor: Carlos F. Jr.
Revisão: Dáfenes Rodrigues / Carlos F. Jr.
Ilustração: Carlos F. Jr. (Programa Prisma)
Categoria: Ação / Romance / Drama
Local: Recife- PE
Ano: 2016


Elenco: 

Christian Hill- Will Smith
Amanda Mendes Johnson- Parker Mckenna Posey
John Cater- Tom Hardy
Agente William Ucker- Christopher Von Uckermann
Pedro Scott- Brandon Routh
Karoline Johnson Cater- Nina Dobrev
Agente Priscila Walker- Margot Robbie
Harry Johnson- Rubén Aguirre
Mylena Mendes Johnson- Tatyana Ali
Raphael KingRodrigo Santoro
Aleph GarciaLeonardo DiCaprio
Joanna Miller Hill- Eva Mendes 
Marco Donald Allen Lewis- Chad Michael Murray
Melissa Taylor- Megan Boone 
Jamilly Taylor- Mary-Kate Olsen/Ashley Fuller Olsen
Reverendo Paul Smith- Anthony Hopkins
Roberto Hill- Roberto Gomes Bolanõs 
Robert Smith- Reynaldo Gianecchini
Jacob Johnson- James La Rue Avery